terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bloody!!!!! - (Roots - Sepultura - 1996)



Roots

Hoje comento um disco atípico, brasileiro sim, mas quase todo ‘cantado’ em inglês. É um marco no metal mundial, influenciando tudo o que foi feito de lá pra cá nesta área restrita e fechada do rock.
Esse disco também está citado no livro 1001 original, sendo que o Sepultura tem o álbum ‘Arise’ também na lista.
O disco já começa na pancada clássica e obrigatória em todo show: ‘Roots bloody roots’, gritada a plenos pulmões pelo fundador Max Cavalera.
‘Attitude’ começa com um berimbau, tem efeitos de DJ, uma batida quebrada, passagens mais calmas, percussões muito legais. Foge totalmente da mesmice do metal. Tem um clipe muito legal com o pessoal do Brazilian Jiu-Jitsu, procure no youtube.
Entre as influências, além da percussão (muitas das quais a cargo do Carlinhos Brown) e DJs, o Sepultura traz nesse disco afinações baixíssimas, um tom ou dois tons e meio abaixo do padrão.
Segue ‘Cut-throat’, mais uma porrada com efeitinhos dissonantes e percussão na cara. Os solos fogem do padrão metal, abusando de alavancas e dissonâncias com wah-wah.
‘Ratamahatta’ começa com uma batucada e vozes do Brown e Max, seguindo numa letra fraca em português, mas é uma música empolgante. Também tem um clipe bem legal, com animação em massinha...
‘Breed apart’ vem com um riff de batucada e guitarra muito legal – que lembra a rítimica de tamborins em sambas, na seqüência vem uma música típica do Sepultura, com quebradas, um riff agressivo no refrão e uma passagem lenta e barulhenta no meio e no fim. A novidade fica por um diálogo entre berimbau e guitarra. Muito bom.
‘Straighthate’ começa com baixo e bateria, seguindo em harmônicos de guitarra estranhos e dissonantes, feedbacks de dar gosto em Hendrix, descambando pra paulada, lenta e com vocais distorcidos.
‘Spit’ é uma música mais típica, thrash, rápida, gritada, com uma quebrada no final.
‘Lookaway’ já é outro papo, começa com uma bateria arrastada, entra o instrumental pesado que some em seguida, entra uma voz etérea, umas vozes faladas, uns efeitos de DJs (DJ Lethal, do Limp Bizkit). A música tem particpações de Johnathan Dvis (Korn) e Mike Patton nos vocais. Diferente, mas não é das minhas preferidas.
‘Dusted’ é típica música heavy, com as quebradas atípicas do Sepultura.
‘Burn stubborn’ começa com uma guitarra tipo sirene, seguida de 2 outras em estéreo fazendo o paredão de peso e preparando o riff corrido em oitavas, típico de Andréas Kisser. O vocal se alterna entre gritado nas partes rápidas e gutural/sombrio nas partes mais lentas. Ao final entram os índios Xavante com um coral que tem tudo a ver com o peso.
E aí vem a música ‘Jasco’, com Andréas ao violão, bonitinha.
‘Itsári’ (que significa raízes) mescla esse violão e os vocais ‘Datsi wawere’ (canto de cerimônia de cura dos índios) dos Xavantes, além de uma percussão tocada pela banda ao vivo na aldeia Pimentel Barbosa, MT. Muito legal.
Seguem mais 3 excelentes músicas pesadas, ‘Ambush’ (com uma batucada meio nada a ver no meio), ‘Endangered species’ (arrastada e com mais uma batucada no meio, deve ser pra justificar o cachê do Brown) e ‘Dictatorshit’.
A edição nacional vêm com dois bônus: os covers ‘Procreation (of the wicked)’ dos suíços Celtic Frost e ‘Symptom of the universe’ do Black Sabbath, que já tinha sido lançada no NIB vol 1 (tributo ao Sabbath). Boa escolha e excelente versão, com parte lentinha e tudo (que o Max não canta, mas o Andreas improvisa no violão).
Em 2005 foi lançada uma edição comemorativa com um cd extra, contendo as covers já citadas, mais ‘War’ (Bob Marley), excelente versão!! Ainda vem com umas versões demo e mixagens alternativas de músicas do disco original.
Após esse disco, Max saiu. Depois de 10 anos, o Igor Cavalera também saiu, fazendo alguns trabalhos de DJ com a mulher. Também se reuniu ao irmão e lançou uma pancada do Cavalera Conspiracy. Max lançou vários discos interessantes com sua banda experimental/metal Soulfly. Os boatos sobre uma reunião continuam vivos.

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