quinta-feira, 2 de junho de 2011

Acqua, Frank Solari



Tem pouca música instrumental por aqui, acho que o Mateus postou um de chorinho e só.
Podia ser Uakti, Helena Meireles, o gênio albino Hermeto, Yamandu com Paulo Moura (presente do amigo Paul) ou muitos outros, o que não falta no Brasil é instrumentista bom. Já disco instrumental...pra mim que gosto de pop e canções (metal também, mas isso é outra história), um disco inteiro sem voz pode ser exaustivo.
No final fiquei entre os gaúchos contemporâneos de surf music Pata de Elefante (vou postar ainda!) e esse também gaúcho, guitarrista excelente e extremamente técnico e aparentemente egresso do metal (daqueles que o Mateus abomina), mas que, felizmente, também é compositor muito bom, arranjador competente e tem bom senso de fazer discos bem variados.
Este não é o primeiro. Tem os anteriores 'Círculo mágico' e o primeiro, também muito legais.
Foi elogiado por mestres como Bob Dylan e Stanley Jordan (que inclusive tem um trabalho com o também instrumentista Armandinho, mais um que depois aparecerá por aqui).

O disco se inicia com 'Catu', uma boa mistura de rock com maracatu, mas nem de perto próxima de uma sonoridade nordestina. Um violão agitado que conduz a música, um baixão suingado, bateria quebrada, uma música boa pra começar o dia. A guitarra só aparece depois, discreta, exceto nos solos. Também tem um solinho de baixo, do irmão Roger Solari.

A seguir, uma belíssima, 'Acqua', um clima psicodélico na intro, depois uma bateria que parece eletrônica, uma linda melodia com wah-wah, solos com poucas notas e muita expressão. Também tem o seu momento virtuose.

'Lucky girl' traz violões bonitos, um jazz/blues com participação especilíssima de Pepeu Gomes, fazendo o segundo solo, eu acho. Carlos Martal também toca guitarra, aqui da espécie 'guitarra krika', que eu não faço ideia do que seja.

'Tindum', mais uma boa mistura, aqui de funk com maracatu, mais suingue, um baixão quebrando tudo com slap, uma guitarra malandra com pouco drive. Quebradeira!

'Na pressão' é aceleradíssima, um jazz rock alucinante com o também virtuose André Gomes no baixo. Mais quebradeira.

'Estrela, estrela' diminui o ritmo e a densidade instrumental. Belo violão, sons de campo, meio chorinho, acordeom por conta do Renato Borghetti, , solinho bonito, percussão de fundo, guitarra servindo à canção. Sinta-se nos pampas gaúchos, bem acompanhado. Só falta a erva (e eu estou falando do chimarrão).

Uma versão bem fiel (conseqüentemente bonita) de 'Going to California', do Led (ou de quem eles tenham roubado a ideia), mantém a calma momentânea, bonita. Aqui Roberto Frejat faz o(s) violão(ões). O solo bacana de slide eu não sei de quem é. Mais guitarras bonitas.

Pepeu volta pra animar a festa, 'Move it up' só com guitarras e aquela bateria rock, com as convenções manjadas de música instrumental, nem por isso menos divertidas. Das mais longas do disco, com muitos solos...

'Luna' é mais uma bonita e mais tranqüila, onde os irmão tocam tudo, inclusive teclados e programações. Aquele clima Gilmour com mais balanço no drum'n'bass.

'Cálculo renal' (?) é um bom jazz fusion, com todo o pacote, bons teclados, dinâmica interessantíssima, convenções, sopros e metais, me lembrou que preciso postar também por aqui a Banda Black Rio.

'Sintonia', mais uma acelerada e fluida, com timbres bonitos e passando longe dos prováveis ídolos Satriani/Vai/Malmsteen (tá vendo, Mateus, acho até que você vai gostar desse aqui), teclados mais modernos (Michel Dorfman) solando.

Um jazz choro, 'Abertura', mostra que o disco é brasileiro, com orgulho, amor e criatividade. Também longa, mas quando falo isso é menos de 5 minutos, quase todas têm menos de 3:30, o que espanta a chatice.

Pra terminar bem, 'Bosque das águas', mais instrospectiva, aqui lembrando às vezes o melhor Jeff Beck, mas com timbres um pouco diferentes. Música pra dar uma viajada, lugares distantes, um descanso depois de toda a pauleira.

Algumas informações tirei (e alguma ideias aproveitei por aqui!) de uma resenha no whiplash.net sobre esse disco.

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