Finalizando o domingo metal e prosseguindo com a saga Sepultura, vem este excepcional disco.
Anterior ao clássico dos clássicos 'Roots', não fica nem um pouco atrás no quesito repertório, tendo até mais músicas excelentes do que o outro. Só que como não inclui a percussão tribal como elemento essencial, fica pra trás no quesito originalidade.
Letras excelentes, num inglês quase razoável, mostram que metal não era só alienação.
Também deu origem a videos muito bons, a gravadora estava abrindo a mão, porque estava entrando dinheiro também, claro. E as gravadoras ainda eram relevantes.
Além de tudo o disco tem um trabalho de arte caprichado, o que inclui a capa e várias ilustrações internas.
Começa com um som de coração acelerado, no útero ainda, do filho do Max cavalera, Zyon, seguido pela bateria meio Olodum mixada à parede de guitarras. Muitos riffs bons e uma letra que fala sobre questonamento das autoridades, o que resultou num video muito legal. Uma das melhores! 'Refuse/Resist' é o nome do petardo.
'Territory' também começa com uma bateria mega ultra múltipla do 'polvo' Igor Cavalera, seguida de mais riffs brutais, além de mais uma letra sobre guerra por territórios. O vídeo, gravado em Israel, foi premiado na MTV americana. Mais uma sensacional.
'Slave new world' começa lentona com um riff de arrepiar, depois dá aquela acelerada. Com passagens mais cadenciadas no meio, é de um arranjo maneiríssimo, incluindo um break matador. Mais um vídeo bom. Letra crítica ao autoritarismo, fazendo referência a 'Admirável mundo novo' do Aldous Huxley.
'Amen' é mais lenta mesmo, com voz falada, espaço entre as guitarras, um arranjo mais amplo, coisa rara no metal. Crítica à religião, claro.
'Kaiowas' é uma instrumental com violões, melodias de viola e percussões tribais, em homenagem a uma tribo amazônica que preferiu o suicídio coletivo a perder suas terras e crenças. Bela e forte.
'Propaganda' começa com umas guitarras caóticas, seguidas por uma bateria com bumbo duplo, muitas variações, som trampado no dialeto metal.
"Don't believe what you see
don't believe what you read
no!!"
'Biotech is Godzila' é uma letra primorosa do Jello Biafra (Dead Kennedys), que inclusive fala algumas coisas lá pelo meio da música. Mesmo sem a letra já seria um musicão. Rapidíssima, hardcore pesado, com um refrão empolgante pra ser gritado pela massa.
"Biotech is A.I.D.S.?"
'Nomad', mais um que começa com guitarras flutuantes, arrastada e quebrada. Refrão com uma bateria genial. Massa de guitarras ao final.
'We who are not as others' é uma música estranha, o instrumental é um pouco diferente com guitarras harmonizadas, mas a letra só repete isso, com vocais variados e risadas ao final. O que evita que o disco fique cansativo, coisa comum em discos pesados, mas que aqui passa longe, mesmo sendo um álbum longo.
'Manifest' é sobre o massacre em Carandiru, narrada com a voz de um suposto jornalista através de uma voz de rádio, com a voz gritada de Max entrando só no meio da música. Tem uma passagem com baixo e bateria muito legal. E o final, pesadão e espaçado é sensacional!
Aí vem uma versão pra uma música do New Model Army, 'The hunt', que ficou bem com a cara da banda, com uma levada punk e vozes dobradas.
'Clenched fist' é mais uma cadenciada, com uma guitarra dialogando com os gritos de Max, no final dá aquela acelerada e retorna pra levada quebrada típica e original ao mesmo tempo.
Na versão brasileira do disco vinha a versão pra 'Polícia' dos Titãs. Fiel à original, mas mais rápida e pesada, claro, além de um coro sampleado de algum jogo ou manifestação: 'filha da puta' meio embaralhado pra não ficar muito óbvio...
No relançamento em 1997 também foram acrescentadas 4 músicas: 'Chaos B.C.' (uma mixagem de baterias/batucadas com várias partes de Refuse/resist, que dá pra ser usada na noite dançante heavy), 'Kaiowas (tribal jam)', 'Territory (live)' e 'Amen/Inner self (live)'.
DISCAÇO!!!
Dão? Você teve insônia neste final de semana? 8 resenhas em 48 horas? recorde inquebrável... [M]
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