Hoje vamos começar pesado porque amanhã tem SLAYER em Curitiba e eu já quero entrar no clima.
Esse disco é mais um da linha 'pesado de um jeito que ninguém espera', como um outro que será postado aqui, do Catapulta, da Bahia, que tem até uma capa parecida com esta aqui do Sheik.
Eles são, ou pelo menos o grupo era, de Olinda, Pernambuco, ligados no mangue beat como a geração seguinte, mas bem diferentes de Chico Science ou mundo livre s. a., talvez com um algumas coisas lembrando mais os Devotos, banda punk também de Pernambuco. Aliás o mangue beat é mais uma definição geográfica e de 'conceito e intenção' (ui) do que propriamente de sonoridade.
Tergiverso. E esse disco é supreendemente pesado porque mistura uma batucada/percussão dos infernos com frevo, maracatú e guitarras pesadas, muito noise, numa música acelerada e empolgante. Literalmente, não dá pra ficar parado, inclusive, a não ser que você esteja numa autobahn alemã ou dirija um Hummer, não recomendo esse disco no carro...
Apareceram no Abril pro Rock, festival hoje consolidado, de 1998, assinando com a Trama e gravando este disco na seqüência.
Que começa acelerando, com bateria e percussão em cima, além de um riff bacana de uma guitarra legal (Bruno Ximarú). Dá uma diminuída antes do refrão (dinâmica é tudo, irmãos): "Toda casa tem um pouco de África/ toda casa tem um terreiro/ e uma mucama para lhe servir".
'Esquenta barracão' parece um punk/hardcore no começo e aí dá uma suingada maneiríssima, e volta pro hardcore, "abre logo essa roda que eu quero é sambar/ samba noise esquenta barracão". E dê-lhe noise!
'La ursa' deve ser algum bloco ou festa local (confere, Mateus?), "que la ursa quer dinheiro/ e quem não dá é pirangueiro". Também começa pesada e acelerada, mas no refrão fica mais suingada, com um baixão bonito (Risaldo), muito legal. Essa aqui lembra os clássicos grupos já citados do mangue beat.
'Sheik tosado' inicia com um pandeiro misturando "samba, funk, punk rock, hardcore, capoeira da pesada na batida do ganzá"!! Dá até pra jogar uma capoeira aqui, com risco de algum sangue.
'Malê' é pesadona, metal nordestino da melhor safra, com uma percussão muito legal no refrão. "o corte da estrovenga/ o rasgão do facão/ a foice afiada/ dentro do seu coração".
'Hardcore brasileiro', mais uma ligeira, ainda bem que eles tem dinâmica e não fica chato. "som de caráter urbano e de salão/ frevo passando destroçando a multidão/ pre quem vem de fora o som é ligeiro/ batuque forte é o hardcore brasileiro./ Hardcore brasileiro é o frevo".
'Repente envenenado' é mais suingada, com um riff de guitarra limpa com wah-wah muito muito legal! Minha preferida, esta lembra bastante o saudoso Chico. O China, vocal hoje com carreira solo, assim como todos nós, deve ter ouvido muito. "ei menino/ o papangú quer te pegar".
'Baleia' é uma instrumental benvinda, curtinha.
Que segue com 'Vinheta para Jackson', daquele jeito, pesada e com uma percussão animal (Oroska e Hugo Carranca somados ao baterista Gustavo da Lua, além do convidado especialíssimo da Nação Zumbi, Pupillo, tocando zabumba e bateria), uma diminuída e o refrão explosivo. "É dia de sol/ fumaça no ar/ o cheiro do mato/ me faz viajar/ Hoje tem pandeiro/ tem baque virado/ tem Sheik Tosado/ pra você dançar". Noise barulhento no final, distorção digital clipando. Como esclarecido no encarte (pois é, além de comprar discos, eu tenho o arcaico hábito de ler encartes), "Quaisquer ruídos ou distorções extremas são propositais".
'Zum, Zum, Zum, pancada' começa também com noise, baixão distorcido com bateria quebrada, guitara esperta aparecendo e sumindo. "Pancada na cabeça"!!!
Disco curtinho, com gosto de quero mais.
Pena que o grupo acabou depois de se apresentar no Rock in Rio III, em 2001. Eu tava lá, mas não lembro...
a la ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro...
ResponderExcluiré isso mesmo! parlenda infantil eu acho. Se canta nos blocos também (e eu? lembro?) mas não sei se a origem é aqui ou acolá. De toda forma o post me deixou curioso. Parabéns!
[M]