Voz quente e marcante, afinada e afiada, sonoridade lúdica: Tulipa Ruiz, a novidade que veio dar à praia.
Sua música traz elementos inusitados, temas cotidianos tratados de maneira diferente, arranjos improváveis. “Efêmera” está cheio de referências – umas reais e outras imaginadas por mim.
Um cd pra lá de inventivo, super gracioso, dando aquela impressão de que tá todo mundo curtindo estar lá, fazendo aquele som.
Sem dúvida o cd traz na mochila muita Tropicália, mas junto tem muito da Vangarda Paulistana também – tá no sangue, já que seu pai, Luis Chagas, foi guitarrista do Isca de Polícia…
Mas também tem psicodelia, tem a alma da Rita Lee e muito de Tulipa, que compõe quase todas as canções.
“Efêmera” abre com som rasgado e regado a sopros e delicadeza. Dicção precisa, sotaque paulistano e amigas ao redor: Tulipa Ruiz está muito bem acompanhada com as vozes de Céu e Thalma de Freitas.
“Do Amor” é sem pressa, como uma estória bem contada deve ser. E de repente uma surpresa! A música fica imensa, cheia de vida. Uma explosão. Uma tradução única do amor. E depois a música se recolhe e você volta à terra…
“Pedrinho” é safada. Começa como quem não quer nada e vira um sonzão cheio de malícia. Roquenroll com uma bateria e guitarra que me lembra muito “The Truth Is In The Dirty” de Karen Elson com Jack White.
Muito boas mesmo, as duas!
Em “A Ordem das Árvores”, Tulipa Ruiz swinguinifica Gil! Deita e rola em tudo que a Tropicália nos deixou de melhor. Descontraída, do avesso, a ordem das árvores não altera o passarinho!
Música deliciosa.
“Sushi” é linda. Músicafalada, estridente, certeira. Uma espiral de palavras e de sons que te embala numa viagem oriente.
“ Então, vem, chega mais perto
Devolve já meu coração
Que tal sair desse aperto
E decretarmos solidão a dois”
Um caso à parte – “Brocal Dourado” – psicoldelia e dancing days total. Artesanato musical. Astral e ritmo adequado para cabeças alteradas. História de amor bordado à mão e mix de sambinha, pedal valvulado.
“Da Menina” é Rita Lee nas suas viagens femininas. É toda uma estória: música-ritual que só a quase- mulher é capaz de decifar e reconhecer-se nela. Trilha sonora para as Marinas…
“Só Sei Dançar Com Você” é circular e envolvente. O som te teletransporta e te conta da parceria perfeita: a loucura conduzida suavemente e transformada num balé singular e a dois. “Só sei dançar com você, isso é o que o amor faz”. Maravilhosa, um jogo de esconde-esconde.
“Efêmera” medita sobre as palavras e permanece para sempre: Anti-Efêmera.
[ANDRÉA]
Produção a mil!! Maravilha Déa!!
ResponderExcluirMandando cada vez melhor, agora com uma bem atual!!
Parabéns!
Andréa, você deveria pensar seriamente em começar a escrever profissionalmente. Parabéns!
ResponderExcluirUm abraço do Chris
vamos fazer uma juntos por aí? beijos e até sexta (Dão)
ResponderExcluirOntem ouvi este disco pela primeira vez no carro. Pra mim o carro é a sala de audição, é a única maneira saudáevl de aguentar a chatíssima atividade diária chamada "transito". E por falar em referências, se não me engano a canção 'A Ordem das Árvores' termina onde começa 'Ele me deu um beijo na boca', do Caetano. É aquela mesma frasezinha de guitarra, tchanana-tchanana-tchanana tcha-tcha tchanana-tchanana-tchanana...
ResponderExcluir[M]
Você sacou de prima, Méteus? Eu ouvia essa guitarra e ficava pensando: gente aonde mais eu já ouvi esse som... E aí, um dia no carro eu tava ouvindo Caetano, e pimba! Matei a charada...
ResponderExcluirMas ó, demorou uns diazinhos...
[ANDRÉA]
Tajjjjj brincando?!?!?!? É craro Creide! até porque esse detalhezinho sempre me chamou a atenção na música do Caetano...
ResponderExcluirabraço