sexta-feira, 10 de junho de 2011
Alumbramento, Djavan
Este artista aqui também estava faltando. O Mateus me disse que tinha postado o 'Luz', mas deve ser em alguma realidade alternativa, porque aqui eu não encontrei...
Por incrível que possa parecer, eu tenho a coleção quase completa do Djavan, e hoje de manhã foi difícil escolher um pra postar, cogitei o 'Malásia', mas esse o Mateus acho que também quer postar, e o 'Lilás' (o meu som preferido) tem a capa muito brega...então vamos neste aqui mesmo.
Alagoano de Maceió, nosso ídolo de hoje quase foi jogador de futebol pelo CSA. Mas felizmente pra nós, amantes da boa música e inimigos do mau futebol, optou por fazer e viver de sua música.
Começou com trilhas de novela lá pelos anos 70, explodindo mesmo depois de seu segundo álbum, principalmente através da gravação de 'Álibi' por Maria Bethânia, num álbum que vendeu mais de um milhão de cópias, bons tempos da mpb que não voltam mais. Também Nana Caymmi e Elis Regina gravaram músicas suas nessa época, além de Gal Costa e Roberto Carlos.
Chegava assim ao olimpo da mpb quando, em seu terceiro disco - este aqui comentado, passa a ter como companheiros de composição Aldir Blanc e Chico Buarque de Hollanda.
'Tem boi na linha' dá início ao disco, um bom samba com a cara original do Djavan, lembrando seus primeiros sucessos, 'Fato consumado' e 'Flor de lis', mas agora com auxílio luxuoso do citado Aldir Blanc e do Paulo Emilio. Nosso herói é freqüentemente criticado pelo uso de palavras pela sua sonoridade, às vezes resultando em algo non sense. Mas é música, não é narrativa e, se o som é bom, pra mim tá ótimo.
'Sim ou não' é mais lentinha. Bonita, com seu violão Ovation na cara e sua voz límpida. E tem cordas de verdade, um violoncelo que aparece ali de vez em quando, além daquele fundo orquestrado que parece aqueles teclados bregas dos anos 80.
'Lambada de serpente' é das minhas preferidas, nordestina e moderna, com viola e tudo! "Lambada de serpente/ a traição me enfeitiçou/ quem tem amor ausente/ já viveu a minha dor". No final vozes dobradas encorpam e terminam bem a linda canção.
'A rosa', do Chico e cantada com o próprio, é daqueles sambões clássicos, dispensa comentários, nem vou ficar citando trechos de letra, porque ela inteira é demais.
'Dor e prata' (belo nome) é a música que termina o lado A no disco de vinil, mais uma com aquelas letras djavaneando, um piano bonito espetado e um lindo arranjo de cordas de Oscar Castro Neves.
O (antigo) lado B começava com 'Meu bem querer', uma das mais belas canções de amor já escritas nesse universo, toda paixão, dor, êxtase e sofrimento sintetizadas e cantadas com a carne exposta e sangrando. Wagner Tiso caprichou na orquestração e regência. Um solinho discreto de guitarra e muitas vozes dobradas n segunda parte abrilhantam a pérola.
'Aquele um' tem uma sonoridade mais moderna, uns teclados meio distorcidos e filtrados, um sambão com cara mais californiana, mas sempre com aquele violão e aqueles vocais 'tchubiru' ao fundo (ouça com fones!). Legal! Parceria com Aldir Blanc.
'Alumbramento' começa lentinha, orquestra e piano (os dois a cargo de Luizinho Avelar), mais uma belíssima pra coleção do cara. Parceria com Chico, caprichadíssima. Solinho dividido entre a guitarra e os vocalises djavaneantes.
'Triste Baía da Guanabara' é a única que não é do cantor, desconhecida mas que cai bem no conjunto.
'Sururu de Capote', que eu não faço ideia do que significa e a letra também não ajuda muito, termina bem o disco, arranjo com metais à Tim Maia, tecladeira moderna, que inclusive deu origem ao nome da banda que acompanhou Djavan por algum tempo.
Depois vem mais Djavan.
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Só uma curiosidade... Como são parecidas as capas do Alumbramento e do Luar! Uma é a versão colorida da outra... [M]
ResponderExcluirnossa, entrei aqui pra dizer a mesma coisa sobre as capas...
ResponderExcluire malásia é meu, ok? um dia quero resenhar esse disco.
[ANDRÉA]
Deu tempo da Elis gravar Djavan?
ResponderExcluirAdorei sua constatação de que música é som e não narrativa.
ResponderExcluirPra mim, esse é o melhor disco que Djavan já gravou.
ResponderExcluirArtesania musical perfeita.
Perde-se um pouco na letra de Sururu de Capote (também não sei que diabo é isso), mas mesmo assim a última faixa do disco também é muito bonita, um sambão daqueles.
Disco ultrarromântico acima de tudo. Djavan e sua linda voz, junto com as músicas mais lindas dele até hoje, o que faz dele o maior ídolo da MPB atualmente, o único que ainda continua a nos brindar com sua musicalidade que nunca acaba, pra sorte de quem gosta da boa música.
Alumbramento é um dos meus dez discos preferidos. Uma obra-prima, rara, que mostra um Djavan em plena jovialidade, com sua voz pura, e com sua melodiosidade a todo vapor.
E dá-lhe Djavan!
Ademar, pelo que sei a Elis ainda gravou a música "Samba Dobrado", outra excelente música do nosso querido Djavan.
ResponderExcluirNunca ouvi essa gravação da Elis. Mas consta mesmo que a Pimentinha ainda teve tempo de gravar esse lindo samba.
Quase todas as grandes cantoras brasileiras djavanearam. Elis também não podia ficar de fora.
Elis é a maior diva da MPB, e tudo que diz respeito à MPB de boa qualidade sempre tem que ter Djavan no meio, e a Elis também percebeu isso!
Sururu de Capote é um prato alagoano: http://gourmetbrasilia.blogspot.com/2011/02/sururu-de-capote-iguaria-alagoana.html
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