sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Diamante Verdadeiro (Álibi - Maria Bethânia - 1978)


Lembro bem deste LP com as cores fortes da capa contrastando com o ar levemente entristecido da Bethania. Na época, eu não dava a mínima pra este LP, e ele rodava um monte no aparelho lá de casa. Isso foi há uns trinta anos atrás. Hoje, sou fã. Dizer que o disco é maravilhoso ainda é pouco! A produção combina de maneira magistral, orquestração suave com o som da banda de bethania, destacando nessa salada, é claro, a voz privilegiada da cantora. Por onde começamos? O disco abre com Diamante Verdadeiro, choro do irmão Caetano, belíssimo por sinal. A faixa título vem em seguida, Bethania grava pela primeira vez um então pouco conhecido compositor alagoano, Djavan. A música não é das minhas preferidas nem do repertório dela, nem entre as composições dele, ainda assim é um daqueles tipicos "blues do Djavan". Depois vem um dueto com Alcione em O Meu Amor, composição magistral de Chico que na voz das duas cantoras é insuperável, transbordando sensualidade... Segue A Voz de uma Pessoa Vitoriosa, composição de Caetano com letra de Wally Salomão (uma parceria que, até onde eu saiba, se restringe a esta única canção), sambinha que começa suave e que Bethania trata de eletrizar à medida que se aproxima do refrão (repare na sutileza do solinho de guitarra). Bethania gravou ainda dois super clássicos, Ronda, de Paulo Vanzolini e Negue (Adelino Moreira e Enzo Passos), duas versões que também ficaram imbatíveis em sua voz. Explode Coração foi o hit deste disco, composição de Gonzaguinha, tocou até furar o vinil. Sonho Meu de Dona Yvonne Lara é um samba delicioso que conta com a participação mais do que especial de Gal Costa. Mais uma canção do Chico aparece aqui, De Todas as Maneiras. Outro momento caprichadíssimo. Depois vem Cálice de Chico e Gil, o que dizer? Você vai perdendo o fôlego porque o disco realmente é de arrebentar... Essa música recebe um tratamento diferenciado do restante do disco. Começa só com violão e suave percussão. A banda só vai entrando aos poucos e a orquestração fica em terceiro plano. O disco finaliza com uma deliciosa composição de Rosinha de Valença. Aliás, Rosinha de Valença (que me foi apresentada pelo Paulinho seguindo uma sugestão do Zédu) é um capítulo à parte. Ela toca todos os violões e cavaquinhos no disco. Seu estilo é bastante sutil, mas essencial (principalmente nas duas últimas faixas onde a produção é mais econômica). A música, que se chama Interior, é levada só no violão e gaita e a voz de Bethania. Perfeita.

O fato de ter sido campeão de vendas em 1978 é só um sintoma, ainda que não seja o motivo de estar aqui. A verdade é que este disco é um verdadeiro diamante. [MATEUS]

3 comentários:

  1. Fiquei na dúvida e dei uma pesquisada. Há outras músicas da dupla Wally-caetano, como Mel e Talismã. E acho que tem mais, coisa até mais recente.
    Abs, LM

    ResponderExcluir
  2. Muito bom. Destaca-se também a participação do violão de Rosinha de Valença em todas as músicas desse disco.
    Abs Paul

    ResponderExcluir
  3. Aqui o bom gosto e o apelo comercial se abraçaram.Pena que no Brasil isso seja raro.

    ResponderExcluir