quinta-feira, 30 de outubro de 2008

LENINE IN CITÉ (parte II) - 2004

[CONTINUAÇÃO DO POST ANTERIOR]
Relampiano é uma canção de O Dia em que Faremos Contato (ver entre os posts anteriores), uma crônica da vida dos meninos de rua que trabalham nos sinais, paisagem tão típica das ruas de Recife. A esta canção segue outro dos pontos altos deste disco: Todas Elas Juntas num só Ser, de Lenine e Carlos Rennó. Canção inédita também, Lenine decide cantar a mulher amada, lembrando que não vai cantar nenhuma das musas inspiradoras de artistas consagrados que vão desde “o maior” (com ele chama Tom Jobim) até o mano xis, passando por Gil, Caetano, Luiz Gonzaga, Noel, Dinho (dos mamonas), sem esquecer referências a nomes clássicos do rock com Mick Jagger e Sting entre outros. Nesta música o Lenine incitado, vai se tornando excitado na medida em que a canção avança e a platéia o acompanha chegando ao êxtase quando Lenine chega à penúltima estrofe gritando “só você!”. Lenine ainda deixa uma brecha para uma autocrítica antes de chegar à declaração final de amor total à sua musa, dizendo que se lhe aparecesse um dia uma dessas mulheres irresistíveis,

confesso que talvez não resistisse:
mas veja bem, meu bem, minha querida,
Isso seria só por uma vez, uma só em minha vida!
Ou talvez duas... mas não mais do que três....


Mais real que o ser humano (o vivo de uma das canções anteriores), impossível. E canção reforça a unidade do disco como crônica do ser humano, suas agruras, desavenças e aventuras.

Anna e Eu é uma balada de despedida, como deveriam ser as despedidas dos nossos melhores amores:

Andei pra chegar mais longe.
E de lá de longe me ver feliz.
Andei pra valer a pena,
Olhei pra trás pro que é meu.
Nosso passado me acena.
Pelo que foi, já valeu!

O par de canções reunidas numa só, Caribenha Nação/Tuaregue Nagô e seu batuque hipnótico, foi retirada de Olho de Peixe (o que confere à música um caráter quase inédito, por este disco está desaparecido das prateleiras com foi comentado pelo Dão num dos posts anteriores).

Lá... onde o mar bebe o Capibaribe...

Caribenha nação, longe do Caribe

Tuaregue Nagô segue a descrição da colonização desta ilha fluvial incrustada no mar,

quando o grego cruzou Gibraltar,
onde o negro também navegou,
beduíno partiu de Dacar,
e o viking no mar se atirou...

Uma ilha no meio do mar
era a rota do navegador,
fortaleza, taberna e pomar,
num país tuaregue e nagô...

Duas canções encerram o disco: Sentimental, outra inédita parceria de Lula Queiroga com Arnaldo Antunes e Lenine. Quem move o mundo todo apenas sendo... sentimental?. Além da redenção de Altemar Dutra, a música lembra, mais uma vez, a natureza do ser humano. O Marco Marciano também é releitura de um disco anterior, deixada para o final do disco é a apresentação do cronista, trovador que acabou de cantar: Pelos alto-falantes do universo, vou louvar-vos aqui na minha loa. Ainda que Lenine não possa ser considerado representante do Manguebit (ver post de Da Lama ao Caos, de CSNZ), a trova mistura a viola nordestina pontuando o ritmo da caatinga com a letra de ficção científica que descreve esta “loa” como se fosse de outro planeta, típico da proposta manguebit.

O último comentário reservo para o DVD do mesmo show, que é estendido em relação ao CD: são mais oito músicas além das doze que aparecem aqui. Além de uma orem diferente na apresentação das músicas, o DVD traz clássicos do seu repertório (Paciência, Jack Soul do Brasileiro, Candeeiro Encantado) além das já aqui citadas, além de momentos especiais como Yusa cantando, de sua autoria, “Tomando el Centro” e um solo de berimbau e percussões diversas de Ramiro Mussotto. A existência deste DVD é o único defeito do CD, que poderia ter sido lançado em versão disco duplo também... [MATEUS]

Um comentário:

  1. Mateus, vc realmente gosta de Lenine, hein? Ele te paga quanto pra vc divulgar o trablho dele?

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