Naquele tempo o Léo dizia que iria
comprar uma coletânea do The Who, e aí eu teria dois discos pra poder ouvir em
casa (ou outro era o Dirty Work). Pudera, nesses tempos a trilha sonora da casa
variava entre o jazzzzz e lançamentos recentes da MPB, “o novo do Caetano” (e
este ‘aquele tempo’ era um tempo onde isso valia a pena), isqueiro ou fósforos
de Djavan (coisa de acender), alguma coisa de rock nacional (Big Bang dos
Paralamas tocou até furar) e este: Mistura e Manda.
Hoje o Léo tem uma menina linda e
curte mesmo é um bom funk carioca, de tal forma que este post é dedicado a
Helena, pra ela saber que o pai dela um dia já teve muito bom gosto.
Gosto mais do Chorinho que da
Bossa-Nova e do que do Samba. Acho mais original e mais astral que um, e mais
delicado e surpreendente que o outro. Ainda que neste caso, elementos típicos
da gafieira comparecem em tempero preciso no disco, conferindo à definição “choro
negro” seu exemplo perfeito.
Nascido no estopim da Revolução
Constitucionalista em julho de 1932 no interior de SP (São José do Rio Preto),
muda-se para o Rio em 1945 junto com a família de músicos.
“Interrompi meus estudos
na segunda série do "Ginásio Luiza de Castro", na Tijuca, para
dedicar-me à música, com autorização de meus pais. Queria evitar a profissão de
alfaiate que me fora imposta pelo José, meu irmão mais velho.” (http://www.paulomoura.com)
Clarinetista,
saxofonista e maestro arranjador, Paulo Moura é sinônimo de música brasileira.
Neste disco, lançado pela KUARUP (Produção Executiva e Direção
Geral de Mario de Aratanha) o próprio artista assume a direção artística e a responsabilidade
sobre os arranjos, tornando-o muito pessoal. O repertório é de muito bom gosto
e inclui sete músicas, entre (não tão) clássicos e composições próprias:
Chorinho pra Você (Severino Araújo)
/ Chorinho pra Ele (Hermeto Pascoal) / Mistura e Manda (Nelson Alves) / Nunca
(Lupicinio Rodrigues) / Tempos Felizes (Paulo Moura) / Caminhando (Nelson
Cavaquinho e Nourival Bahia) / Ternurinha (K-Ximbinho)
Os músicos que tocaram no disco
mostram um time seletíssimo (Rafael Rabello era então um menino de 22 anos...) e extremamente afinado com o projeto. Reparem que a
presença de Zé da Velha no trombone e uma percussão “heavy metal” dão ar de gafieira em muitas das
faixas:
Paulo Moura (clarineta); Zé da
Velha (trombone); Rafael Rabello (violão de 7); Joel Nascimento (bandolim);
Maurício Carrilho, César Faria e João Pedro Borges (violão); Jonas Pereira,
Carlinhos do Cavaco, Mané do Cavaco (cavaquinhos); Jorginho (pandeiro); Neoci
de Bonsucesso (tamtam); Joviniano (repique de mão e ganzá) e Gargalhada (caixa
de fósforos).
Paulo Moura nos deixou recentemente
em 2010, mas este disco acaba-lhe conferindo eternidade, graças a deus.
Que o maestro descanse em merecida paz,
enquanto o redondinho vai girando incansável...
[M]
[M]
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