sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Naná Vasconcelos - Contando histórias (Storytelling)



Chegamos a ele, o místico mas também excelente administrador de sua carreira internacional (inclusive morador de New York), eleito 8 vezes o melhor percussionista do mundo pela revista Down Beat!, o típico percussionista brasileiro mas extremamente original e reconhecível, Naná Vasconcelos.
A princípio vinculado ao Milton Nascimento, Geraldo Vandré, depois a Egberto Gismonti, depois o mundo, Paris, New York, Alemanha e por aí vai. E volta também, participando de PercPans ou homenagens em Recife.
Compõe muitas trilhas, para ballet ou cinema ('Down by law', 'Procura-se Susan desesperadamente', entre muitos).
Também produziu, entre outros, o Cordel do Fogo Encantado.

Tendo como principal instrumento, mas longe de ser o único, o berimbau, nesse disco explora muitas sonoridades e acompanhamentos de outros instrumentos, principalmente uma orquestra muito bonita.
Citando o próprio:
"(...) partindo do princípio de que o primeiro instrumento é a voz e o melhor é o corpo";
"A origem mais remota da percussão é a vida, porque se o coração não bater, não tem música, não tem vida";
"Hermeto é responsável pela ideia de que tudo é percussão. Você pode pegar qualquer coisa e fazer virar um instrumento".

O disco é bem etéreo, cheio de sons mais do que músicas, aparentemente, porque depois percebe-se que tudo é música. Em alguns momentos de experimentalismos lembra o polêmico 'Araçá azul' do Caetano, que ninguém tem coragem de postar aqui...



Assim 'Fui fuio (na praça)' começa com assovios e palavras quase faladas pelo percussionista que depois, com um 'auxílio luxuoso' de um pandeiro vira uma música bem legal que já faz você se mexer! Depois vai entrando uma bandinha de coreto e é só belezura.

Também com pequenos sons começa 'Cortina', mais um canto poderoso que depois é acompanhado de uma orquestra muito bonita, só ouvindo mesmo, difícil traduzir...Tema bonito, música crescendo!

'Clementina' começa com umas risadas gostosas do Naná, mas é mais tradicional, um samba de roda com berimbau e letra, balança e remexe...

'Uma tarde no norte' começa com ruídos e vozes, para depois entrar o canto próximo a uma cantiga de roda ''o meu chapéu é o alto do céu'', cantada por Naná e muitas crianças (o que reforça o aspecto de cantiga), citada no disco recentemente postado do Otto.

'Noite das estrelas': mais ruídos, agora noturnos, e um violoncelo que emerge como um dinossauro na noite, muito bonito mesmo! Mais vozes e percussões esparsas sugerem bem uma noite.

'Tu nem quer saber' é mais um samba de roda conduzido pelo berimbau, rebola aí. Ou tu não é neguinha?

'Um dia no Amazonas', 'Nordeste', 'Vento chama vento' e 'Tira o Leo' são as seguintes, com estruturas parecidas com as já citadas, mas cada uma tem sua sonoridade própria, estranha mas bonita, além de se utilizar de elementos variados (vozes, assovios, ruídos, instrumentos, coros de crianças, risos, percussões e até sanfona) e suas diversas combinações para compor sua textura e mensagem.
Parece viajante, e é! Mas mesmo 'purinho' dá pra curtir...

Links:

http://www.nanavasconcelos.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nan%C3%A1_Vasconcelos
blog multiplicidade
site gafieiras
site página da música


(Dão)

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