
terça-feira, 31 de maio de 2011
Krig-Ha Bandolo!, Raul Seixas

segunda-feira, 30 de maio de 2011
Ninguém, Arnaldo Antunes
Esse é o primeiro cd do Arnaldo que eu posto, acho que foi o primeiro que eu comprei dele, ainda bem que com o Scandurra, o que me traz o melhor do Ira! sem a voz do Nasi...
Falando agora sem provocações com o amigo Zeba (defensor do Nasi, o qual inclusive não estou atacando, eu só não gosto da voz dele...), gosto muito do som resultante da guitarra criativa do Edgard misturado com as pirações criativas e deliciosas do Arnaldo. Em outros discos como 'Um som', 'O silêncio' ou principalmente o 'Nomes', a piração às vezes extrapola o meu limite com a cabecice, mas aqui pra mim está tudo precisa e concisamente equilibrado.
O disco é agraciado com participações especiais do Paulo Tatit (do grupo Palavra Cantada e do projeto Pequeno Cidadão, acho que já postado por aqui) no violão de nylon, baixo, guitarra, vocais e composições, da Zaba Moreau, esposa (acho que é, confere?) nos teclados e vozes, e do mago Liminha que, além de produzir o álbum, também programa ritmo, toca guitarra e baixo na última faixa, 'Ninguém no carnaval'.
Nossa jornada musical começa com a faixa-título, próxima da poesia concreta musicada, mas mais próxima do trabalho com os Titãs ou Tribalistas, com elementos simples que fazem uma coisa mais complexa e multifacetada (papo USP, hein!_). Além da guitarra hard do Edgard Scandurra, que também é co-autor dessa e de outras músicas mais.
'Consciência', pela sonoridade e pela letra com pitadas de escatologia, poderia estar em algum disco dos Titãs. A separação tem a vantagem de manter o trabalho da banda de origem e mais os trabalhos solos dos membros desgarrados, principalmente no caso do Arnaldo, que continuou compondo para a antiga banda, ao contrário do Nando Reis, que só compõe agora pro Skank e pro Jota Quest... Aqui somos premiados por um solo marcante do nosso herói guitarrista Scandurra e uma declamação, felizmente curta, de poesia pelo Jorge Mautner.
'O nome disso' é divertidíssima, infantil e acelerada, com uma dinâmica que não deixa a letra simples ficar banal, além do diálogo vocal do Arnaldo com o Edgard.
'Nem tudo' é uma parceria do Toni Belloto com o Arnaldo (que além da voz, faz também 'sapato no assoalho'!!). Mais um solinho bacana!
"Nem tudo que se tem se usa
Nem tudo que se usa se tem"
Aí vem 'Alegria', uma das minhas preferidas, redondinha, com uma guitarra muito legal que inicia e prossegue fazendo uns barulinhos legais na faixa meio circense, o que inclusive faz um contraponto melancólico com a própria alegria da faixa.
'Budismo moderno' é feita sobre um poema do Augusto dos Anjos, parceria que arrisca ficar chata, o que felizmente não acontece, mesmo com a 'programação de serrote' (!) do Arnaldo... Tem uma sacação legal de 'silêncios surpresa' sincronizados com a letra.
'Fora de si', com a letra gramaticalmente incorreta porém mais expressiva do que todos os guardiões ortodoxos da língua, é um bom hard rock com mais um solinho criativo.
'Minha meu' é o limite da cabecice, e ainda bem que é uma só. Mais um rock acelerado.
'O seu olhar' é uma quase balada romântica, com a voz grave e estranha da Zaba acompanhando o Arnaldo. Também um violão exótico com alguma modulação bizarra a cargo do Paulo Tatit.
'Lugar comum' (João Donato/Gilberto Gil) é uma das ótimas escolhas para versões deste disco, ficando bem diferente da original e suas muitas 'covers' bossanovísticas. E mais uma vez, Edgard comparece dando o tom, com suas guitarras com ecos marítimos, além do solo mezzo oriental.
"Beira do mar
lugar comum
começo do caminhar
pra beira de outro lugar
à beira do mar
todo mar é um
começo do caminhar
pra dentro do fundo azul"
A outra versão é a surpreendente 'Judiaria' (Lupicínio Rodrigues), que aqui ganha uma cara bem rock'n'roll! Sensacional! Essa aqui meu atual chefe na banda 'Roni Rude e os Deselegantes' - ou Dezelegantes (em breve com disco na praça!) quer tocar ao vivo. Espero fazer uma guitarra à altura do nosso herói...
A parceria com Paulo Miklos, 'Tempo', também tangencia a erudição poética concreta, mas é bem legal, percussiva e com belas linhas de guitarra, além de uma voz sintetizada fantasmagórica ao fundo.
'Inspirado', parceria com Edvaldo Santana, não é das minha preferidas, mas acrescenta estranheza ao disco.
'No fundo' traz uma voz mega-grave do Arnaldo, timbre mais utilizado em discos posteriores, mesmo porque com a idade a voz 'baixa' alguns tons no registro de notas, o que leva muitas bandas a abaixarem a afinação dos instrumentos com o passar do tempo. Aqui os violões dão um tom quase caipira na música, além de umas guitarras de fundo muito legais.
'Quero' é mais uma com letra de poesia concreta, aqui com voz distorcida, guitarras harmonizadas a la Iron Maiden (por essa você não esperava, hein, Mateus?!) e batida marcial, o que mais uma vez a faz escapar da chatice cabeçuda. Boa pra ouvir com fones.
'Ninguém no carnaval' é a parceria com o Liminha, uma boa escolha pra fechar o disco, com muitas vozes sobrepostas, um quase caos de guitarras do Edgard com o Liminha, além da programação esperta dos ritmos, que se não fosse assim creditada eu nunca adivinharia que era a máquina tocando.
"Ninguém no carnaval
ninguém é de ninguém
no meio do mundo
todo mundo é todo mundo".
Acho inclusive que essa letra depois foi reciclada pelos Tribalistas...
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Yanomami's Blues, Wahari (1999)

Acho difícil escrever sobre um disco desconhecido da maioria, e tentar descrevê-lo... Os discos são afinal para ser ouvidos, muito mais que comentados, e às vezes a descrição acaba ficando um tanto enfadonha. Eu gosto muito deste disco apesar de escutar pouco (por preferir ouvir canções à música instrumental), ele é bonito e tem um variação de humores muito interessante.
Wahari é o som do vento entrando pelas frestas das ocas e significa (se é que é possível uma tradução) vento brando da noite na língua Yanomami. É também o nome de uma banda curitibana (não, eu não sou amigo, sequer conheço qualquer um destes músicos...) formada pelos irmãos Augusto e Gustavo Weber (que na verdade são de Capanema, Oeste do estado) responsáveis pelo núcleo melódico da banda, o primeiro concentrando-se na guitarra e cítara e o segundo nas violas. Completam a banda Frederico Ferraz e Nilton Rodrigues, responsáveis por percussões as mais diversas, incluindo pandeiro, bongô, berimbau, triângulo, o que dá um ar bem brasileiro ao som do vento aqui.
Vento noturno portanto é a música nome da banda e inicia no oriente, com cítara e tabla e vem vindo pro ocidente com elementos percussivos, violão, violoncelo e viola entrando aos poucos, sem deixar que estes são confundam e mantendo uma harmonia impressionante. Já em Yanomami’s Blues o caminho é outro: nasce bem blues com violão e slide e aos poucos vem navegando rumo ao sul na percussão cheio de elementos típicos da música brasileira-africana, berimbau e bongôs entre outros.
O disco segue girando e em Terra Aberta a locomotiva é a viola. Aqui são duas, a tradicional de 10 cordas (5 oitavadas) e o que aqui é chamado de viola de sete bocas (e que eu já vi por aí com o nome de viola dinâmica. É o similar ao dobro ou resonator guitar, só que nacional...). E logo os vagões são coloridamente preenchidos por flautas e percussão variada. Estas três músicas trazem a síntese do trabalho do grupo, a mistura de blues, moda de viola e música indiana, formando uma espécie de “introdução” ao conteúdo musical do grupo. Pode parecer meio pizza de feijoada com costela de carneiro, mas estes elementos tão distintos aqui aparecem em convivência pacífica e natural, sem forçação de barra.
Viajando ao Espaço, voltam com a instrumentação repleta de tons da índia e uma linda guitarra tocada limpa, limpinha. Junto com London Bossa, que é outra embalada pela guitarra de Augusto, estas duas dão um ar mais urbano e contemporâneo ao disco, assim como duas músicas que aparecem mais pro final, A Bela Chinesa e Rio Soul, com toques de jazz-blues fusion temperados por elementos tipicamente Wahari.
Já Capanema’s Way é centrada nas cordas dos convidados Maska (violino) e Alesandro Laroca (violoncelo) que levam a canção como uma viagem de trem pelo interior. No final entram suavemente vozes femininas em coro. Além das três primeiras, destaca-se o Raga Nordestino que faz belo o improvável, começa ooooohmmmmm no harmonium (de Plínio Silva) e cítara e depois deriva pra olê Mulé Rendeira na viola, violão e triângulo. Lindíssima. E gosto também da Catira, ritmo e dança rural típico de SP, MG, bem caipira, com um toque pessoal de muita classe sem deixar de respeitar a tradição original.
Fecha o álbum uma inusitada versão do supremo clássico de Ari Baroso, Aquarela do Brasil, bem à moda da banda: começa com a cítara embalada pela tabla de Kiko Pereira, entoando esta velha conhecida nossa. Aos poucos, a índia vai sendo sambada pela percussão bem brasileira. Nada mais apropriado.
[M]
ps: para conhcecer melhor : www.wahari.com.br/
O Cinema Transcendental de Caetano Zenloso (1979)

O que eu gosto neste disco é o equilíbrio suave e natural apresentado na lista de canções que se não inclui aqueles super-clássicos-quarentena do baiano, traz algumas das suas mais bonitas composições. Nunca me preocupei em elencar, nem mesmo em pensamento, as minhas músicas preferidas deste mestre absoluto, mas certamente, se o fizesse, não poderia deixar de incluir Trilhos Urbanos e Oração ao Tempo.
Neste disco, temos o Caetano Zen (desde a capa!), deixando sua música fluir como uma inevitável corredeira rio abaixo. Nada de musas híbridas e suas carapinhas cúpricas. O cinema transcendental inicia a sessão saudando a Lua de São Jorge, Lua soberana, nobre porcelana sobre a seda azul. Mais zen impossível, esta música parece uma colagem de hai-cais sobre a lua. E adiante aparece Beleza Pura, não me amarra dinheiro não (bem, isso foi bem antes da Paula Lavigne). Balanço irresistível, parece um reggae, mas te pega no engano quando ele entra a contar daquela preta que começa a tratar do cabelo com as conchas do mar, com toda delícia e toda minúcia, o reggaezinho deriva pra quase um soul à (e á!) baiana, ato de pura devoção.
O Menino do Rio ganha uma versão mais lenta e arrastada e menos urgente do que aquela que ficou célebre na voz de Baby (então Consuelo. Aliás, versão definitiva, diga-se de passagem...). Seguida de uma interpretação malandra do Vampiro de Jorge Mautner, mostra um Caetano antenado em interesses menos ortodoxos...
Elegia é um poema do poeta inglês do século XVII, John Donne, traduzido por Augusto de Campos e musicado por Péricles Cavalcanti. Ainda assim, a canção passa a milhas da academia e transborda erotismo, liberto-me ficando teu escravo, nada pode ser mais preciso...
Cajuína ficou célebre, um xotezinho de improviso, simples na forma, e que mostra um Caetano já mais experimental nas palavras enquanto que Louco Por Você é o justo desfile da sensacional A Outra Banda da Terra que o acompanha neste disco maravilhoso... Aracaju, Badauê e Os Meninos Dançam não destoam, mas fecham o disco quase sem ser notadas, e não era pra menos, pois as outras canções são muito acima da média.
Voltando aos Trilhos Urbanos, o melhor o tempo esconde, e aqui Caetano mostra, leve e solto, o mestre que é, cantando e assobiando em ritmo de passeio de bonde, ora acentuando a penúltima sílaba, ora caprichando no iiiiii...
Mas aquela canção de dar inveja mesmo, de querer cobrir o cara de porrada por ser tão filhadaputamente bom, é Oração ao Tempo. O toque de Midas aqui é a percussão em ritmo de tica-tac levemente descompassado, o suficiente pra transformar o relógio e o passar contínuo e monótono do tempo em música.
Obra de um gênio. Ave caetano
[M]
ps: o post é dedicado ao Zeba e ao Xampu...
O cair da tarde, Ney Matogrosso

Vamos à obra então, que começa em alto nível com a faixa que dá nome ao disco, uma das 6 músicas do Maestro Heitor Villa-Lobos gravadas, aqui em parceria com Dora Vasconcellos. Piano lindo a cargo do também arranjador Leandro Braga, guitarra do craque Ricardo Silveira e colaboração do grupo 'experimental' Uakti, que comparece com tambor d´água e pios (!!!). Vocês, amigos colaboradores, deviam ver se aquele amigo bizarro tocador de vagem não foi recrutado pelo Uakti...
Fullgás, Marina

terça-feira, 24 de maio de 2011
Abreugrafia (1997)

Abre com a faixa que dá nome ao disco, Raio X, uma introdução ao projeto musical, como abstract de um artigo científico. Gosto muito também de Aquarela Brasileira que vem em seguida, música que aparece disfarçada de colarzinho na capa do álbum. Em seguida Fernanda apresenta Jacksoul Lenine Brasileiro, convidado que rapidinho se tornaria maior que a anfitriã, grande canção do pernambucano, muito bem acompanhado da carioquíssima sangue bom.
E de olho em Pernambuco, a garota suingue traz Chico Science para o Rio 40 graus, onde ele se sente muitíssimo à vontade, e termina a melhor canção da Fernandinha entoando um único "sô carioca, pô!". Jorge da Capadócia é outra das minhas interpretações favoritas, mas a versão deste disco é muito inferior àquela lançada originalmente junto com Rio 40 Graus, em SLA 2 - Be Sample, disco de... 92? por aí...
Speed Racer não é uma grande canção. Passaria totalmente desapercebida se não fosse o arranjo primoroso e a guitarra limpa e precisa de Fernando Vidal. É o tipo do jantar em que o acompanhamento é melhor que o prato principal. Ponto alto também para Um Amor Um Lugar (do paralama colaborador e amigo Herbert), Veneno da Lata e Kátia Flávia a Godiva do Irajá, hit sem par do amigão e parceiro Fausto Fawcett que recebe aqui uma versão avassaladora.
É Hoje o di-i-aaaa da alegri-i-a-aaaa e a tristeza, nem pode pensar em chegar!
Justo, para um disco tão festivo e inspirado, que representa o melhor de uma cantora que, se não tem aqueeeela voz, tem bom-gosto e sensibilidade suficiente para conceber esta obra-prima, uma das melhores dos anos 90.
Garota sangue quente, suingue, sangue bom!
[M]
domingo, 22 de maio de 2011
Vingança, Azul Limão

Voltamos à programação metal e, conseqüentemente, às capas toscas e bizarras...
Entre outras idiossincrasias, o heavy metal é criticado por uma temática de fantasia, castelos, dragões, satanismo etc.
Mas esse disco também traz letras mais contemporâneas e críticas, APESAR da capa acima.
Como cantava a torcida mais gay do Rio 'recordar é viver'.
Representante do metal carioca dos anos 80, esse disco foi gravado em condições 'precárias', mas mesmo assim traz um som razoável (para a época, claro), principalmente o instrumental típico, já que a voz tem uma sonoridade sofrível, principalmente nos momentos 'gritos a Rob Halford', justamente pela provável inexperiência do estúdio em gravar esse tipo de som, aliado ao fatos de que o vocalista (Rodrigo Esteves) não é o Rob Halford nem o Bruce Dickinson e ainda os vocais não terem sido 'dobrados', recurso freqüente que encorpa vozes, principalmente agudos sem punch.
Lembro de vê-los tocar no arcaico Caverna II, 'templo do metal carioca' (depois honradamente substituído pelo Garage), que ficava ao lado do shopping Rio Sul próximo ao Canecão, no Rio de Janeiro, junto com outras bandas daquela época, tais como Calibre 38, Metalmorphose e Dorsal Atlântica (que em breve terá um disco postado aqui). Naquele solão de 40ºC e a galera toda de preto e coturnos...é, o metal não foi feito pro Rio, como desmonstram a ausência freqüente de shows que não mais passam por lá. Também tocavam no Circo Voador às vezes, dividindo inclusive o palco com Robertinho do Recife na sua fase metal e o lendário guitarrista, hoje habitante de Joinville, Celso Blues Boy (que também merece um disco por aqui). Tempos mais tolerantes.
Também lembro de demo-tapes que tocavam na rádio Fluminense FM, nos programas Guitarras e Rock Alive, quando eu e meu irmão Adolpho ficávamos com as fitas K7 a postos para gravar algo inédito e/ou interessante, não necessariamente ao mesmo tempo... O Azul emplacava às vezes 'Johnny voltou' e 'Não vou mais falar', depois regravada para este álbum aqui resenhado.
Antes, chegaram a gravar um compacto para o selo B.B. Records do Billy Bond, no estúdio da Polygram, mas não foi lançado por ser 'muito pesado' para as rádios rock da época, rendendo só uma versão bem gravada de 'Satã clama metal', tocada na programação da Maldita.
Trata-se de um disco curto (acreditem, já existiram discos com menos de 70 minutos, nos tempos do vinil!) e com letras ingênuas. Mas é original, com estilo e garra. E é METAL, porra!
Começa com uma 'Introdução' rápida e emenda em 'As portas da imaginação', que 'não são mais que ilusão'. Música que começa rápida e dá aquela quebrada no meio. Volta a acelerar e tem um belo solo com ótimo som (milagroso!) quase no fim.
'Satã clama metal' é legal, rápida e na adrenalina, mas é quase caricato com a letra típica.
'Sangue frio' é minha preferida, um blues heavy com aquela levada pesada e as convenções típicas. Além disso, a voz é menos gritada, e aí vemos que é bonita. E a letra também é bem melhor:
"Dias e noites passam
E eu sempre a procurar
Alguém que possa ver
Ou entender o que eu vou tocar
Às vezes me sinto só
Ao lado da hipocrisia
Virei um homem de metal
Perdia a noção de gostar
Somos o corte profundo
Luz do sol"
(Tá tudo bem, não é Caetano, mas nem é pra ser, né?)
Tem um solo bem bonito também, sem malabarismo e emocionante, com vocais coletivos fechando bem com os 'ô ô ôs'.
'Fora da lei' é mais um boa música, com intro metal e acelerada depois, e um baixão na cara. Mas a voz parece outra língua, totalmente incompreensível...exceto no refrão. Aqui um solo rápido e legal, mas mixado baixo. Urros e bateção de cabeça!
'Não vou mais falar' é uma das que tocava em rádios, boa música bem canata e tocada, com apelo quase pop e uma letra interessante:
"Não vou mais falar em amor
Pois o ódio se apossou
Não vou mais falar em estrelas
Pois o universo todo se apagou
Só este sonho permanece
Só essa vida me enlouquece
Estou perdido, perdido no espaço
Quero acabar com o meu cansaço
Tudo que eu tenho é rock’n’roll
Pois só ele me dominou
Não vou mais falar em paixão
Estou derrotado, caído no chão"
Ainda se cantava em português o metal nacional. Em inglês, tirando o Sepultura, eu nem ouço.
'O grito' é mais uma no clima blues metal, com um bom riff e mais uma vez a bela voz cantada. No meio tem uma guitarra limpa bonita que caiu muito bem na mixagem. E um solo magistral, dobrado com perfeição, depois espalhado e dialogando pelos canais direito e esquerdo (apesar dos elogios da Andréa, esses aspectos técnicos às vezes são entediantes pra quem não é músico, eu sei).
"Se num mar de estrelas
Nós vamos deitar
Com o mais lindo sonho
Nós vamos sonhar
Ver a liberdade fatigando a mente
Entrando num mundo que tudo é diferente"(sic)
'Você não faz nada' é a menos legal pra mim, mais uma rápida mas com uma letra ainda atual:
"Pra tanta violência basta indiferença de quem pode mudar, de quem pode gritar
E você não faz nada
E você não faz nada "
O disco termina bem, com a acelerada faixa título, onde se ouve melhor a voz e seus gritos em falsete, além do instrumental nítido e o solo de bateria no fim.
A banda, além do vocal citado, tinha os seguintes músicos: Ricardo Martins (bateria), Vinícius Mathias (baixo) e Marcos Dantas (guitarra). Depois Rodrigo foi cantar ópera na Espanha(!!), o baixista também deixa a banda e rola um show de despedida em 1989, sendo que por duas vezes, em visitas do Rodrigo ao Brasil, a banda tocou no Garage. Marcos e André Chamon (baterista do Stress que chegou a tocar com o Azul numa reencarnação mista) formaram o X-Rated, banda de metal que chegou a ter alguma projeção local.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Tempos modernos, Lulu Santos

Sou (ou nós), Marcelo Camelo

terça-feira, 17 de maio de 2011
Mallu Magalhães (2009)

Mallu Magalhães sempre me chamou atenção. Daqui de longe ouvia falar de seu nome, de toda a estória do MySpace, das suas composições, da sua adolescência que se misturava com sua habilidade em consertar seus próprios instrumentos musicais.
Ao fim tive contato com sua voz infantil, meio amanteigada – que ao invés de entrar pelos nossos ouvidos, escorrega, devagarinho. E confesso que achei o máximo!
Quando pinta um único olho de azul nos seus shows, Mallu me faz lembrar Rita Lee – garotamutantes com seus coraçõezinhos no rosto na sua fase Tropicália. Mas Mallu me lembra também Bethânia, que aos 16 anos subiu no palco do Teatro Opinião.
Essas intervenções feitas por criaturas tão jovens são de uma ternura incrível, porque o limite entre a brincadeira e a coisa séria, entre o medo e coragem, são muito tênues.
Seu disco é muito delicado, gostoso mesmo de ouvir. Muitas das músicas parecem ter sido compostas com alto teor de amor no sangue. “My home is my man” é roquenrrol retrô, forte, guitarra presente em volume alto. Tudo rapidinho e aos poucos o som vai desbotando. “Shine Yellow” é outra de que gosto muito! Meio reggae, com sopros e percussões.
Esse segundo disco parece um tanto autobiográfico e “Make it easy” deixa claro isso. A música bastante blues começa com um assovio, como um calmante para a alma na hora de enfrentar a mãe. Aqui já estamos falando da “era” Marcelo Camelo...
Essa é a minha favorita! Música de uma paz incrível e a ideia de transformar em canção essa angústia feminina na hora de encarar o tamanho do amor, é maravilhosa.
E o vocal masculino é do namorado…
Make it easy!
“Bee on the grass” me lembra um tanto o som dos Beatles, slow, cheio de sopros, vozes abafadas e borbulhentas, como se drogas psicodélicas estivessem navegando pelas superfícies líquidas dos nossos canais.
Outra muito boa, country total é “ You ain’t gonna loose me”.
O disco acaba com “O herói, o marginal”. Sua canção mais forte, linda, com um arranjo definitivo. E aí Mallu Magalhães quase deixa seu tom de menina e entra fortalecida, viajando na sua própria voz, cresce e termina. E outra vez, Tropicália!
“She was a day tripper
One way ticket, yeah
It took me so long to find out
And I find out”
[ANDRÉA]
ps: essa resenha é para um certo Eduardo, de uma certa Ruberlei. Quando ouvi esse som pela primeira vez estávamos juntos e o Eduardo ficou altamente incomodado quando descobriu que a cantora era brasileira, apesar de cantar quase todo o cd em inglês…
sábado, 14 de maio de 2011
e depois do Sepultura...

...veio o Soulfly, banda do dissidente Max Cavalera, vocal e guitarra base da antiga banda.
Na verdade, esse nem é o primeiro álbum, é o quarto, mas como é o meu preferido, será o primeiro por aqui.
O trabalho de Max pós-Sepultura foi muito mais experimental, utilizando mais percussão e se misturando com muitos outros tipos de música, tais como rap, música eletrônica, mpb, metal industrial, world music (eufemismo para músicas de países 'estranhos'), música instrumental e, no caso específico desse álbum, reggae e música sérvia. Essa referência já aparece na capa, com referência ao Leão de Judá e também nos agradecimentos, onde Bob Marley aparece.
Aqui também há um misticismo que junta Rastafáris, deuses gregos, umbanda, Antigo Testamento e cristianismo.
A mistureba quase esquizofrênica aparece em quase todas as músicas e entre elas também, que diferem muito entre si mas, inesperadamente, o disco tem uma unidade na figura de Max, que também toca cítara, berimbau e é o produtor.
A faixa título começa com um barulho que remete à música eletrônica em loop, mas deve ter sido feita com um whammy ou outro oitavador em cima de uma nota da guitarra. Quando entra a banda é como se os portões do inferno se abrissem. Não é heavy metal típico, pois tem o tempo todo uma percussão tribal, por conta de Joe Nunez e Meia Noite, que dá uma cara mais original a todo o álbum. No meio ocorrem muitas mudanças, inclusive um break com cítara sobre uma base de guitarras pesadas e uma parte bem mais acelerada. O final tem uns vocais fantasmagóricos que já emendam com a segunda música, 'Living sacrifice', mais metal e reta, mantendo o peso e os vocais rasgados, mas trazendo um refrão mais quebrado. Mas o break do meio da música é um dos mais legais da história da música pesada, com várias guitarras se cruzando de um jeito muito interessante. Ainda tem uma outra passagem, mais percussiva (num ritmo de baião) e com 'atmosfera' e vocais falados, emendando num final pesado. Diferente, mas sem ser chato. Quer dizer, meus amigos aqui não são muito fãs de metal, fazer o quê? E os que gostam de metal, acharão o disco estranhíssimo.
Respira um pouco e segue com a porradaria 'Execution style', alternando momentos mais rápidos com passagens mais tipicamente metal, além de um solo cheio de tappings e outros malabarismos guitarrísticos.
'Defeat u' é thrash metal típico do estilo Max, curta e grossa.
'Mars' é uma das melhores, pela letra sobre o deus da guerra, pelo refrão sensacional, pela percussão mais uma vez além do metal.
"I am Mars, the God of war,
you bow to me like you did before"
Então o clima muda totalmente, entram violões de nylon e barulhinhos atmosféricos, a música se transforma num som quase acústico e mais pro fim num reggae inesperado e herege (pros bitolados do metal, que até hoje esperam a volta do Max pra antiga banda). Como diria o colaborador sumido Xampu 'Gêêênio'...
'I believe' inicia com uma guitarra limpa e cheia de efeitos, pra depois emendar na típica porradaria esperada. No meio aquelas mudanças extremas, com sons mais calmos, vozes corais de fundo e a voz falada de Max. Muita dinâmica, às vezes demais. Não é som para fracos de coração nem portadores de ouvidos frágeis.
'Moses' muda a dinâmica, começando bem lenta com metais latinos típicos de ska e vocais de dub-reggae, alternando com passagens mais pesadas e gritadas, desembocando num refrão quase reggae-pop com bateria quase new wave (!!) e retornando ao clima reggae com sopros. Parece estranho, mas funciona, o trabalho de arranjo e mixagem deve ter sido insano. Aqui há a participação dos Eyesburn, que acho que deve ser uma banda de reggae/dub.
Falando em participações especiais, o disco traz Danny Marianino em 'Defeat U', Asha Rabouin em 'I believe' e 'Wings', além de 5 faixas com o excelente ex-baixista do Megadeth David Ellefson.
'Born again anarchist' podia ser um típico punk hardcore, mas como tem aquela percussão atípica foge ao esperado, além de mais uma mudança radical com sons percussivos e teclados ambientes.
'Porrada' não é cover dos Titãs (o Sepultura gravou 'Polícia'), começando com uma vinheta com violões de nylon e depois começando - agora sim - um hardcore na velocidade de luz e uma letra em português totalmente dispensável. Tem uma passagem no meio estranha, quebrada com uma voz falando umas coisas incompreensíveis, e termina com uma batucada de samba.
Um cover do Helmet, banda de metal industrial, 'In the meantime' é uma grata surpresa, principalmente pelo fato de ter ficado bem legal, apesar de toda quebradeira da música.
Como se tornou tradição nos discos do Soulfly, o disco traz uma instrumental calminha, 'Soulfly IV', muito bonita, que é seguida por uma também bela música inteirinha calma(!), 'Wings', com vocais femininos da já citada Asha Rabouin.
E termina com uma vinheta sem nome que parece música de circo!
Um disco variadíssimo, muito legal, que, claro, foi muito malhado pela imprensa metal... Tolerância elástica minha, dirão os detratores.
(Dão)
Lulu, Lulu Santos

Sobre as coletâneas
Mas como esse é um espaço auto-gerido (bonito, hein!), meio anarquista e, principalmente, não existe punição para eventuais transgressões, essa regra não pegou totalmente...
Então, trilhas sonoras (que quase invariavelmente são coletâneas com vários artistas, com exceção de algumas novelas do começo da década de 70, quando eram entregues para artistas escolhidos, como Paulo Coelho/Raul Seixas ou Erasmo/Roberto), coletâneas tributo (como 'Rei') ou coletâneas específicas (como a dos 20 anos de rock brasil ou uma de chorinho que acho que o Mateus postou) vêm sendo agraciadas com sua presença no nosso blog.
Penso que as que devam ser evitadas são as citadas pelo Paulinho, tais como 'o melhor de', 'milennium' etc.
Mas, mesmo assim, já vejo exceções.
Por exemplo, depois de postar o tributo ao Jackson do Pandeiro pelo Genival Lacerda, pensei em postar algo do original. Contudo, não tenho nenhum disco dele, só uma coletânea, muito boa por sinal, chamada 'Como tem Zé na Paraíba' (aliás aqui tb tem bastante Zés...hohoho).
Outra que, apesar de citada logo ali em cima, eu tenho vontade de postar é a milennium da Cassia Eller, pelo fato de ter músicas que não constam de outros discos dela (como 'Não deixe o samba morrer' com a Alcione, 'Smells like teen spirit' ao vivo, 'A flauta mágica/Satisfaction' com o Edson cordeiro etc).
E também tem os excelentes discos 'Casa de samba', com várias edições e artistas variados cantando clássicos do samba.
Enfim, acho que fica por conta de cada um, claro que de preferência com boas justificativas.
Obrigado pela atenção,
voltamos a nossa programação normal.
(Dão)
terça-feira, 10 de maio de 2011
Terminando a saga 20 anos de rock brasil

Continuando a saga Sepultura

quarta-feira, 4 de maio de 2011
Rock'n'roll vai rolar e vai direto...

Sim, há uma diferença clara entre o Barão da era Cazuza e o novo Barão. Perdas e Ganhos. Pessoalmente prefiro me ligar nos ganhos. É claro que Cazuza levou a poesia... ela foi embora e as letras desta nova fase algumas vezes beiram o ridículo. Mas Frejat tem voz mais bonita, mais empostada e soube encaixá-la magistralmente no novo som da banda. Sem o beija-flor e o tecladista Maurício Barros, o Barão adquire novo formato com a entrada de um novo guitarrista, Fernando Magalhães, e do percussionista Peninha. O resultado é uma banda mais vermelha, mais sanguinária do que jamais havia sido antes!
Outro ponto alto aqui é que o som ao vivo ficou muito bem captado e resolvido. É um disco muito bom de escutar, no talo então!... Vez em quando o pessoal tá enrolando pra levantar da cama lá em casa e junto com Tie Your Mother Down esta trilha é excelente na função de "levanta veiaco"!
O repertório ainda está cheio de canções da era Cazuza (é claro!), mas as versões aqui são definitivas. Ponto Fraco, Carne de Pescoço e Pro Dia Nascer Feliz tem suas versões definitivas aqui, muito melhores que as originais. Bete Balanço, Não Amo Ninguém, Porque a Gente é Assim também não deixam a peteca cair e são, no mínimo, tão boas quanto (as de estúdio). O Dão que gosta de gravações e estas coisas há de admitir que o sonzinho dos dois primeiros discos do Barão é muito magrinho... Não sei se era falta de capacidade técnica do estúdio ou da produção ou se foi intencional, o fato é que a sonoridade do Barão ficou no meio do caminho entre o rock e a new wave.
Ao Vivo não tem pra ninguém... New Wave? que é isso? marca de tênis? Roquenrrou tupiniquim da melhor qualidade este disco ainda trouxe duas músicas da era pós-Cazuza, a sensacional Pense e Dance (minha favorita da banda) e Quem Você Pensa que é? (composição inspiradíssima do Frejat), além da inédita Rock do Cachorro Morto e a homenagem à inspiração primeva (I Can't Get No) Satisfaction (o wikipadia informa ainda que uma edição relançada em 1998 incluía ainda 3 músicas. Não vou comentar porque não conheço a edição referida).
O título do disco originalmente é Barão Vivo. Talvez para lembrar que uns se foram, mas o Barão continuava (então) vivo, reinventado e mandando ver. Peça fundamental da discografia de rock brasileiro.
[M]
terça-feira, 3 de maio de 2011
eu tb vou dar uma reclamadinha
obrigado pela atenção,
Dão
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Cinema mudo, Paralamas do Sucesso

Fazendo uma retrospectiva do nosso blog (o Zeba também o fez e chegou à conclusão de que até chegarmos aos 1001 discos pretendidos demoraremos mais de 25 anos...), vi que os Paralamas ainda têm poucos discos, sendo 'emocionalmente sub-representados' por aqui, afinal todos nós ouvimos e curtimos muitas músicas nas nossas adolescências e juventude, além de festas e fossas. E não ficamos relegados ao passado, ontem mesmo, no ensaio dos The Xavados, 'Selvagem' (do disco de mesmo nome a ser postado por aqui - ou já foi?) entrou no repertório numa jam de 20 minutos psicodélicos e reggísticos...
Então, ao invés de reclamar dos fãs do Lenine (entre os quais me incluo), mãos à obra e vamos ao primeiro registro fonográfico de nossos ídolos.
A bem da verdade, o disco se iniciou numa demo em fita K7 de 1982, que tocou bastante na saudosa e niteroense Rádio Fluminense FM, a conhecida Maldita, o que proporcionou à banda tocar bastante no Rio de Janeiro nessa época, no Circo Voador e em danceterias, como se dizia no século passado.
Essa demo tinha 4 músicas: "Vital e sua Moto", "Patrulha Noturna", "Encruzilhada Agrícola-Industrial" e "Solidariedade Não!". Tirando a que falava sobre o sindicato polonês, todas as outras entraram nesse primeiro disco.
Eu ainda me lembro da versão da demo de 'Vital', que infelizmente nunca foi lançada em cd. Eu talvez até tenha num K7 mofado...Ficamos no aguardo dos basement tapes of Maldita, alô Antonio Carlos Miguel!
O Herbert reclama que o disco foi muito manipulado para se encaixar nos parâmetros de FM da época, com muitas dobras (dizem que os Golden Boys fazem os backing de Vital, entre outras músicas), com acréscimos de ecos, reverbs, solos, teclados, dobras de vozes e instrumentos - fato que eles compensaram na produção enxuta do já postado 'O passo do Lui'. Primeiro álbum, estouro recente do Brock, desprestígio novato da banda, incompetência de executivos de gravadoras etc etc etc blah blah blah. Mas o fato é que o disco é legal, têm excelentes composições e, hoje em dia, quando eles tocam músicas desse disco, mantêm os arranjos próximos dos originais.
O lado A começava matador: 'Vital e sua moto' (riff antológico), 'Foi o mordomo' (faixa lazy reggae, fossa de meio de tarde), 'Cinema mudo' ("rolê rolê ô ô ô ô ô ô ô", dá-lhe The Police, aliás uma clara influência da banda) e 'Patrulha noturna' ("qualé, seu guarda, que papo careta, só tô tirando chinfra com a minha lambreta" - que ao vivo podia ser modificado para, por exemplo, "que papo furado só tô tirando chinfra com o meu bas...." - pra bom entendedor, me pala bast), já com uma guitarra sensacional e um solinho bonito do mestre Herbert Vianna; também foi lado B do compacto 'Vital e sua moto'. Terminava o lado A (se vc não entendeu vá ao google!) a instrumental 'Shopstake', primeira co-autoria, aqui com Bi Ribeiro, no disco; também era lado B do compacto 'Cinema mudo'.
Ao lado B: 'Vovó Ondina é gente fina' (uma homenagem e agradecimento rock'n'roll à vó do Bi, que hospedava os ensaios da banda), 'O que eu não disse' (co-autoria de HV, João Barone e Renato Russo, pop delicioso com violões, uma discreta slide guitar by Lulu Santos e um belo solo no final em fade-out), 'Química' (do Renato Russo, guru da geração de Brasília, aqui numa versão pesada e que, se não me engano, foi gravada antes do autor lançar a sua), 'Encruzilhada' (mais um lazy reggae, com letra descartável pseudo-crítica, "não sei se falo mal da safra do feijão ou da imperfeição da indústria do Brasil") e, pra finalizar, a atípica 'Volúpia' (com letra sexy e arranjo de metais 'a la Vitória Régia' por conta de Léo Gandelman).