segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cinema mudo, Paralamas do Sucesso



Fazendo uma retrospectiva do nosso blog (o Zeba também o fez e chegou à conclusão de que até chegarmos aos 1001 discos pretendidos demoraremos mais de 25 anos...), vi que os Paralamas ainda têm poucos discos, sendo 'emocionalmente sub-representados' por aqui, afinal todos nós ouvimos e curtimos muitas músicas nas nossas adolescências e juventude, além de festas e fossas. E não ficamos relegados ao passado, ontem mesmo, no ensaio dos The Xavados, 'Selvagem' (do disco de mesmo nome a ser postado por aqui - ou já foi?) entrou no repertório numa jam de 20 minutos psicodélicos e reggísticos...
Então, ao invés de reclamar dos fãs do Lenine (entre os quais me incluo), mãos à obra e vamos ao primeiro registro fonográfico de nossos ídolos.

A bem da verdade, o disco se iniciou numa demo em fita K7 de 1982, que tocou bastante na saudosa e niteroense Rádio Fluminense FM, a conhecida Maldita, o que proporcionou à banda tocar bastante no Rio de Janeiro nessa época, no Circo Voador e em danceterias, como se dizia no século passado.

Essa demo tinha 4 músicas: "Vital e sua Moto", "Patrulha Noturna", "Encruzilhada Agrícola-Industrial" e "Solidariedade Não!". Tirando a que falava sobre o sindicato polonês, todas as outras entraram nesse primeiro disco.

Eu ainda me lembro da versão da demo de 'Vital', que infelizmente nunca foi lançada em cd. Eu talvez até tenha num K7 mofado...Ficamos no aguardo dos basement tapes of Maldita, alô Antonio Carlos Miguel!

O Herbert reclama que o disco foi muito manipulado para se encaixar nos parâmetros de FM da época, com muitas dobras (dizem que os Golden Boys fazem os backing de Vital, entre outras músicas), com acréscimos de ecos, reverbs, solos, teclados, dobras de vozes e instrumentos - fato que eles compensaram na produção enxuta do já postado 'O passo do Lui'. Primeiro álbum, estouro recente do Brock, desprestígio novato da banda, incompetência de executivos de gravadoras etc etc etc blah blah blah. Mas o fato é que o disco é legal, têm excelentes composições e, hoje em dia, quando eles tocam músicas desse disco, mantêm os arranjos próximos dos originais.

O lado A começava matador: 'Vital e sua moto' (riff antológico), 'Foi o mordomo' (faixa lazy reggae, fossa de meio de tarde), 'Cinema mudo' ("rolê rolê ô ô ô ô ô ô ô", dá-lhe The Police, aliás uma clara influência da banda) e 'Patrulha noturna' ("qualé, seu guarda, que papo careta, só tô tirando chinfra com a minha lambreta" - que ao vivo podia ser modificado para, por exemplo, "que papo furado só tô tirando chinfra com o meu bas...." - pra bom entendedor, me pala bast), já com uma guitarra sensacional e um solinho bonito do mestre Herbert Vianna; também foi lado B do compacto 'Vital e sua moto'. Terminava o lado A (se vc não entendeu vá ao google!) a instrumental 'Shopstake', primeira co-autoria, aqui com Bi Ribeiro, no disco; também era lado B do compacto 'Cinema mudo'.

Ao lado B: 'Vovó Ondina é gente fina' (uma homenagem e agradecimento rock'n'roll à vó do Bi, que hospedava os ensaios da banda), 'O que eu não disse' (co-autoria de HV, João Barone e Renato Russo, pop delicioso com violões, uma discreta slide guitar by Lulu Santos e um belo solo no final em fade-out), 'Química' (do Renato Russo, guru da geração de Brasília, aqui numa versão pesada e que, se não me engano, foi gravada antes do autor lançar a sua), 'Encruzilhada' (mais um lazy reggae, com letra descartável pseudo-crítica, "não sei se falo mal da safra do feijão ou da imperfeição da indústria do Brasil") e, pra finalizar, a atípica 'Volúpia' (com letra sexy e arranjo de metais 'a la Vitória Régia' por conta de Léo Gandelman).

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