1984. A ditadura se despedia dando lugar à Nova República.
Tudo Bem que Tancredo morreu em circunstâncias misteriosas, Ulysses sumiu num desastre de helicóptero e tivemos Sarney e Collor como os dois primeiro presidentes civis em 20 anos, mas até então estávamos comemorando, e muito. Em janeiro de 1985, a capital fluminense foi sacudida na cidade do rock, dando voz a vários artistas brasileiros (então) emergentes, como Lulu Santos, Kid Abelha, Eduardo Dusek, Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso, que viriam a ser (boa parte d)a voz da juventude nacional pós-ditadura. Mas A VOZ nacional durante os anos de chumbo, lançou o hino que simbolizou todo o sentimento de uma geração "acostumada" com um vocabulário que incluía AI-5, DOI, DOPS, guerrilha, tortura, revolução, censura...
A melhor memória que eu tenho deste disco do Chico é lembrando dos meus tios e da minha mãe cantando Vai Passar a plenos pulmões... A outra é olhar as capas de disco do Chico lado a lado até 1984 e reparar que este disco vermelho, bem vermelho, definitivamente vermelho, com um Chico vestido de azul celeste, ensaiando uma sambadinha e um sorriso só pode ser uma comemoração. Na verdade o disco, como um todo, é até um pouco irregular (o que viria a se tornar uma constante nos trabalhos seguintes do compositor, infelizmente). Vai Passar (de Chico e Francis Hime) é um samba-hino, é a história recente do Brasil, não é música que possa ser comparada com outras, seria muita injustiça, pois transcende o aspecto meramente 'musical' da obra. Mas o disco ainda traz composições de primeiríssima grandeza, como Brejo da Cruz (que já adiantava que o fim do regime militar não resolveria 'todos' os nossos problemas, pelo contrário), Samba do Grande Amor (ironicamente, esta música até poderia ser entoada para a 'nova república' que ali nascia: tinha cá pra mim que agora sim eu vivia enfim um grande amor...: mentira!) e Pelas Tabelas (outra canção de apelo histórico-político). Participações de Dominguinhos em Tantas Palavras, João Bosco (em Mano a Mano) e Pablo Milanés (em Como se Fosse a Primavera) conferem charme especial ao disco, enquanto que Suburbano Coração, Mil Perdões e As Cartas são os pontos um pouco distoantes no disco.
Depois dos tropeços naturais do processo de redemocratização, o samba popular parece que vai passando mais animado agora, e oxalá continue por muito tempo e acelerando... [MATEUS]
Tudo Bem que Tancredo morreu em circunstâncias misteriosas, Ulysses sumiu num desastre de helicóptero e tivemos Sarney e Collor como os dois primeiro presidentes civis em 20 anos, mas até então estávamos comemorando, e muito. Em janeiro de 1985, a capital fluminense foi sacudida na cidade do rock, dando voz a vários artistas brasileiros (então) emergentes, como Lulu Santos, Kid Abelha, Eduardo Dusek, Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso, que viriam a ser (boa parte d)a voz da juventude nacional pós-ditadura. Mas A VOZ nacional durante os anos de chumbo, lançou o hino que simbolizou todo o sentimento de uma geração "acostumada" com um vocabulário que incluía AI-5, DOI, DOPS, guerrilha, tortura, revolução, censura...
A melhor memória que eu tenho deste disco do Chico é lembrando dos meus tios e da minha mãe cantando Vai Passar a plenos pulmões... A outra é olhar as capas de disco do Chico lado a lado até 1984 e reparar que este disco vermelho, bem vermelho, definitivamente vermelho, com um Chico vestido de azul celeste, ensaiando uma sambadinha e um sorriso só pode ser uma comemoração. Na verdade o disco, como um todo, é até um pouco irregular (o que viria a se tornar uma constante nos trabalhos seguintes do compositor, infelizmente). Vai Passar (de Chico e Francis Hime) é um samba-hino, é a história recente do Brasil, não é música que possa ser comparada com outras, seria muita injustiça, pois transcende o aspecto meramente 'musical' da obra. Mas o disco ainda traz composições de primeiríssima grandeza, como Brejo da Cruz (que já adiantava que o fim do regime militar não resolveria 'todos' os nossos problemas, pelo contrário), Samba do Grande Amor (ironicamente, esta música até poderia ser entoada para a 'nova república' que ali nascia: tinha cá pra mim que agora sim eu vivia enfim um grande amor...: mentira!) e Pelas Tabelas (outra canção de apelo histórico-político). Participações de Dominguinhos em Tantas Palavras, João Bosco (em Mano a Mano) e Pablo Milanés (em Como se Fosse a Primavera) conferem charme especial ao disco, enquanto que Suburbano Coração, Mil Perdões e As Cartas são os pontos um pouco distoantes no disco.
Depois dos tropeços naturais do processo de redemocratização, o samba popular parece que vai passando mais animado agora, e oxalá continue por muito tempo e acelerando... [MATEUS]
O Chico talvez seja o único a encaixar a palavra "paralelepípedo" numa música,coisa de gênio.
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