domingo, 14 de setembro de 2008
Arnaldo Antunes Ao Vivo no Estúdio - 2007
Quando vi esse blog fiquei super a fim de dar o meu palpite também… fiquei na fissura de escrever sobre o Nando Reis, mas ainda tá difícil – é muita paixão para pouca crítica.
Resolvi então falar de um outro ex-titã e contar do Arnaldo Antunes AO VIVO NO ESTÚDIO (2007).
O Arnaldo é aquela coisa difícil, aquela coisa geométrica da poesia concreta traduzida para os ouvidos, e eu sei, tem hora que bicho, é muita linha reta! Mas esse cd tá lindo, super delicado e o Arnaldo tem esse jeito infantil de cantar os sentimentos humanos, que às vezes é quase uma canção de ninar. Fiquei pensando, pô, ele era tão punk nos titãs e agora com esse tom infantil, com essa voz macia. Mas tanto o punk como o infantil nos desconcertam, quebram as nossas pernas porque nos desarmam. Acho que é por isso que o Arnaldo me surpreende.
Logo nas primeiras canções do cd - “Qualquer”, “Saiba” e “Fim do dia” - a gente percebe esse poder infantil, essa mistura de sentimentos infantis com a realidade adulta. E o cd vai rodando e o Nando chega pra cantar junto a maravilhosa “Não vou me adaptar”. Nesse cd a música ganha uma versão alegre, cheia de reggae, tranquila de ouvir. Mistura feliz de dois ex-titãs! E o Nando com aquela voz desajeitada dele, sem pressa, vai cantando as difilculdades de virar gente grande…
Como não poderia faltar, o trio tribalista tá lá e canta “Um a um”. Apesar de não trazer nenhuma surpresa na versão, essa música é muito bonita e é muito legal essa estória de dividir o espaço com o amigos. E é isso, essa música fala disso, de aprender a dividir, e que quando é bom de se jogar, dá 1x1. E no encarte tem umas fotos lindas e a Marisa Monte tá no maior visual Frida Khalo! Aliás encarte pra mim faz parte do cd…
E tem também uma versão muito massa de “Qualquer Coisa” do Caetano. A introdução é linda, com um piano e uma guitarra forte, marcando quase que cada palavra. Com uns efeitos meio que eletrônicos durante. Ah é linda! É uma versão reta, sem muito tempo pra respirar, com as palavras claras e quase faladas.
Aí é a vez da “O que”, mais uma da fase titânica. Versão enxuta, só voz, guitarra e uns efeitos eletrônicos que parecem ondas. Essa só ouvindo mesmo! tá bem boa!
Mas acho que as surpresas maiores estão nas últimas duas faixas – “Luzes”, um poema do Leminski , que é uma coisa… ele transformou o poema num tango, com uma sanfona e uns violões de matar. É quando ele diz que “essa noite vai ter sol”. A música vai encorpando, enchendo nossos ouvidos, a sanfona vai ficando poderosa e tomando conta da cena.
Arnaldinho matou a pau nessa!
A impressão que tive, quando ouvi esse cd, foi que o Arnaldo tá a fim de paz, mas você só saca isso depois de ouvir o Edgar Scandurra fazendo aquela guitarra se descabelar em “Judiaria”.
Sem palavras.
[ANDRÉA]
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