segunda-feira, 5 de novembro de 2012
D2 - À procura da batida perfeita
Prossegue a saga dos álbuns solo, agora com um caso especialíssimo, como se diria no jargão administrativo corrente, um case de sucesso!
Marcelo D2, ex e atual vocalista da banda Planet Hemp (que voltou e está em excursão pelo Brasil), mesmo antes do seu fim (temporário, como se vê), já havia lançado um álbum mediano (que será postado aqui em algum momento), o Eu Tiro é Onda, mas foi com esse que ele realmente estourou a boca do balão, além do sucesso popular (já previsto e inclusive criticado na música título do álbum - 'domingo no faustão terça-feira na Hebe', que Deus a tenha), ele criou um estilo novo de música brasileira, o samba rap, que, como todos, às vezes acerta e às vezes não...
O nome do álbum é referência direta ao disco do Afrika Bambaataa chamado Looking for the perfect beat.
Esse disco tem umas músicas que eu gosto muito onde ele acerta na veia, mas tem umas que pra mim são bem fraquinhas e totalmente dispensáveis.
Produção do citado na resenha logo abaixo, do disco do Seu Jorge, o americano/brasileiro Mario Caldato, juntamente com o próprio Marcelo D2 e Davi Corcos.
O disco conta uma historinha, começa com uma Intro Pra posteridade, com uns samples (acho até que é a voz da Elis Regina, mas não há crédito no disco), e já emenda com À procura da batida perfeita, feita em cima do sample creditado da música Bonfa Nova do violonista Luiz Bonfá, D2 faz seu rap por cima de uma base muito legal com uns vocais femininos bonitos, e a música termina até com uns ruídos saudosistas de vinil.
Mais uma mini introdução e começa mais uma das excelentes do disco, Vai vendo, mais uma bela mistura de samba e hip hop, cheia de scratches e terminando com um sambinha de raiz não creditado... Diz o autor 'o pesadelo do pop', mas ele virou pop.
Começo de disco matador, na sequência vem a sensacional A maldição do samba, a perfeita mistura de hip hop e samba, levada dançante, um trompete bonito e inesperado, uns coros muito legais a cargo do Seu Jorge e do Duani, um refrão maneiríssimo, showtime!!
"O gringo subiu no morro e bebeu cachaça
fumou maconha e obteve a graça
depois do samba sua vida nunca mais foi a mesma"
Ainda termina com um trechinho da música Argumento (Paulinho da Viola): "tá legal, tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim", e eu sempre continuo cantando "olha que a rapaziada tá sentindo a falta de um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim"...
Pilotando o bonde da excursão é uma que poderia ter causado problemas legais ao autor, devido à potencial interpretação de apologia ao crime, no caso, posse de drogas, ainda mais que o Planet Hemp já tinha um histórico nesse sentido. Mas não deu em nada, é só uma descrição de vários tipos de ervas etc etc. Bom, aqui vou reproduzir os comentários do Seu Marcelo: "A minha versão para Rapper's delight. A base já estava pronta e faltava a letra. O Mario sugeriu uma anthem com os fans do Planet Hemp e eu resolvi contar um pouco do que vi, senti e fumei nesses anos", ou pelo menos a parte que ele lembra...É uma música simples mas divertida, com uma linha de baixo sinuosa e criativa, scratches, metais em brasa e uns tecladinhos eventuais.
Aí começa a parte mais chatinha do disco, Loadeando, onde o D2 canta com o filho Stephan, sobre evolução e a interação entre pais e filhos, e também sobre videogames, viagens etc. Mas a música é chatinha... Vale pelo refrão.
A seguinte, Profissão M. C., já retorna com a criativa mistura de rap com samba, além da mistura de rima com 'um bagulhinho'...
C.B. Sangue bom: sonzinho legal, guitarra meio reggae, D2 rimando solto por cima junto com o WILL.I.AM do Black Eyed Peas, o tema é fazer o bem e procurar a paz, dificuldade e superação, esses dilemas cotidianos e nem por isso fáceis.
"Quem é que mistura o rap com o samba? Sou eu, sou eu", assim começa Batidas e levadas, emendando uma base bem solta e rimas naquela vibe hip hop com alguns elementos de samba, principalmente os bons vocais femininos de resposta.
O álbum vai terminando e se encaminha bem assim com Re: Batucada, retomando a grande canção do primeiro disco solo Batucada, com mais um coro lindo de vozes femininas e o excelente mix de samba com rap. Homenageia no fim 'os verdadeiros arquitetos da música brasileira: Chico Science, Cartola, Jovelina, Tom Jobim, Candeia, João Nogueira, Dona Nelma, Tim Maia, meu amigo"
"Sorria
Meu bloco vem bem descendo a cidade
Vai haver carnaval de verdade
O samba não se acabou
Sorria
O samba mata a tristeza da gente
Quero ver meu povo contente
Do jeito que o rei mandou"
De passagem, tem um maluquinho falando umas paradas estranhas "Tu não sabe quem eu sou, Compadi? Quem? Ah, tá maluco, eu sou sinistro, como que tu fala assim comigo? Tu nem me conhece, tu nem me conhece...". Engraçado.
Qual é? começa com mais um corinho feminino lindo, é uma excelente música, daquelas com letra contundente, refrão grudento e pressão sonora! Guitarra suingada e funkeada!!
"Essa onda que tu tira
Qual é?
Essa marra que tu tem
Qual é?
Tira onda com ninguém
Qual é?
Qual é, neguinho, qual é?"
(Dão)
PS: essa resenha ou post é dedicada ao meu amigo Alexandre Duayer (honorável roadie do Rappa e NX Zero, que começou sua brilhante carreira trabalhando com essa máfia aqui) e ao amigo revisor Baiano...
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Falta também um pouco de Gabriel o Pensador :c.. se o conheces bem, acho que pode apreciá-lo muito.
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