segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Rumo à multidão... (Calango - Skank, 1994)


Ao contrário do que muita gente pensa Skank é um jeito de dançar o Ska (vide Easy Skanking, do mestre Bob) e não aquele baseado aditivado, esse é o Skunk. Dez anos depois da (re)explosão do rock nacional em 84, a banda mineira liderava a nova geração (ao lado do Cidade Negra, que lançou no mesmo ano Sobre Todas as Forças) do pop-rock nacional.


O que mais me impressiona no Skank (depois da música) é a total falta de vergonha de ser POP. Acompanhando de leve o rock in rio deste ano (pela TV, meus caros) ninguém levantou aquela galera como o Skank. Simplesmente todos conheciam seus refrões e mesmo no momento mais Luciano Huck, Samuel Rosa consegue ser quase elegante... Que outra banda nacional (na origem e na música, ok?) seria capaz de lotar um estádio do tamanho do Mineirão para gravação de um show ao vivo?


Se este é o marco principal, e que me sugere a resenha, é bom ressaltar que, musicalmente, o disco também vale a pena, ainda que algumas das músicas ainda possam te deixar um pouco enjoado, de tanto que tocaram na época do lançamento. Alavancada pela versão surfdélica de É Proibido Fumar, preparada para o disco em homenagem ao Rei (resenhado aqui), Calango trouxe ainda o reggae de irresistível refrão e obrigatório em qualquer show da banda, Jackie Tequila. Também tem coisas (então) esquisitas como Amolação, onde Lelo Zanetti toca uma linha hipnótica no baixo, A Cerca, e crônicas do dia-a-dia em tempos de caras-pintadas, como Pacato Cidadão e Esmola, mistura de regional mineiro (o Calango) com Jamaica (Ska, Reggae) e tempero de século XXI (batidas eletrônicas).


Me dá um beijo

porque um beijo é uma reza

pro marujo que se preza ...


Te ver e não ter querer

é improvável é impossível

Te ter e ter que esquecer

é insuportável é dor incrível! ...


Mas o melhor mesmo são as baladas, que se tornariam marcantes em todos os futuros trabalhos da banda. Do casamento entre fluência melódica que tem o Samuel com as letras semi-ingênuas de Chico Amaral, nascem O Beijo e a Reza (de onde retirado o primeiro versinho acima) e Te Ver (do segundo). Samuel Rosa ainda experimentaria outros parceiros, e de maneira muito bem-sucedida (Nando Reis principalmente), mas aqui é a estréia.


O nascimento de uma lenda. Nem é o melhor disco do Skank, tampouco o campeão de vendas, mas este aqui é o disco BOOOOOOOMMMM!!!! que fez a banda explodir, é o big bang do Skank e vendeu mais de um milhão de cópias. É o primeiro (disco) da última (banda da era do disco).


[M]

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