quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ei ei ei ei!

Mas não há mesa, escrivaninha, colo, bancada ou desktop que tolerem o peso deste blog... Já vejo por aí, do outro lado da telinha, as perninhas bambeando, panturrilhas trêmulas, o chão cedendo, logo logo tudo vai pro chão: cabrum! Tem culpa eu? Tem culpa eu não, desde que a delegação de Niterói passou a dominar a área que isso aqui tá ameaçando explodir, é carro-bomba, carcaça, esqueleto, caveira...


Vamos a um "sopro de delicadeza"?


Sim, vinte anos antes de Nevermind (it was twenty years ago today, sgt pepper taught the band to play... Quarenta de hoje, portanto), o Rei vinha com seus Detalhes... É tão ruim que é bom. Linda canção, mas brega no último. Inauguração de uma era, de uma geração, bem, nem tanto, talvez de uma “faixa de mercado”. Cançãozinha niilista, melô do corno inconformado, o sujeito tem certeza de que ela, agora com outro, vai se lembrar dele, comparando a todo o momento o (outro) novo amor com o antigo (eu):

Não adianta nem tentar / Me esquecer / Durante muito tempo / Em sua vida / Eu vou viver...


Ahã... Na boa: melhor não, pro seu próprio bem. Eu não aguento aquela flautinha, aqueles arranjos orquestrais de Jimmy Wisner (wikipaedia!), caralho! Cadê os posts de death-trash-hard-heavy-speed metal do dão????


Acho que ele (o rei, não o Dão) já vinha ensaiando esses passinhos, o disco de 69 (em breve por aqui) também é pra chutar a taxa de glicose pra lá da estratosfera. Mas nada se compara com este aqui... A Namorada, De Tanto Amor, Amada Amante... vá ser apaixonado assim lá no raio que o parta! Apai$honado, isso é que é, porque essa toada vem vendendo (muito) disco desde então e até em Jerusalém!!!!


O foda é que estes discos antigos do Roberto, onde são bons (porque é sempre uma irritante mistura de lixo e obra-prima), são bons pra caralho! Então chega de reclamar, porque mal enxugada a chuva de lágrimas em Detalhes vem uma versão acachapante de Como Dois e Dois de Caetano Veloso. Não lembro de ouvir o baiano cantando isso. Bem, ou ele teve o bom-senso de não gravar, ou tive eu o bom-senso de esquecê-la (a gravação), porque simplesmente não dá pra ir além desta aqui. Ela é soul a la Tim Maia, densa, convincente, chuto que na voz do compositor original ela ficasse excessivamente afeminada (o que não é necessariamente ruim... Imagino uma Cássia Eller cantando isso aqui, meu deus! Ah, esquece, eu falava em afeminado não é?)


Gosto muito de Você Não Sabe o Que Vai Perder (de Renato Barros, quem?). De certa forma (e talvez de maneira proposital, esta canção dialogue com Detalhes... Primeiro esta ameaça, depois o lamento em detalhes:


Já não encontro mais / Palavras pra lhe convencer / Que por incrível que pareça / Eu gosto é de você / Diz que eu nada faço por nós dois / Que venho uma semana / E só um mês depois / Eu volto pra lhe ver / Você não pode compreender / Se eu agi assim / Foi somente pra saber / Se existe por aí / Alguém melhor do que você / E sinto muito / Mas eu sou assim / Sei que cedo ou tarde / Alguém vai lhe dizer / Se você me deixar / Não sabe o que vai perder


Na cronologia do disco a história tá ao contrário, ok, era o Rei inspirando Tarantino...


E ainda tem Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos, sim, você sabe a história, o Rei escreveu para um Caetano exilado, deprimido, camarada meu de portobello naquela fossa... de novo: esta versão aqui é que é a definitiva! Rapidinha, sem maiores pretensões, gosto daquele violãozinho simplinho que deve deixar o João Gilberto mudo (bem, ele já não é de falar muito mesmo, não é?). Ahá! Taí o que eu falei sobre versões afeminadas das músicas do Roberto. Basta lembrar qual é a outra que ficou célebre desta...


O melhor sempre fica pro final (da resenha). Mas no disco, abrindo o lado B ouve-se que Todos Estão Surdos, A MELHOR MÚSICA DO ROBERTO CARLOS EM TODOS OS TEMPOS!!!! Gospel na letra, funk no ritmo, a mistura é irresistível. Se o rei fosse um pastor, isso seria a nossa conversão. Até o saudoso Chico Science (quase) caiu nessa com a fabulosa versão de sua Nação Zumbi, subvertendo o discurso final.


Uma canção como esta (e Jesus Cristo) me faz pensar: pena que o Rei não tenha sido Gospel Strictu Sensu, dedicação exclusiva...


[M]

5 comentários:

  1. Vou chegar ao cúmulo de realizar o primeiro comentário, um auto-comentário por assim dizer... Alguém sabe de quem é a arte da capa? Uma obra-prima, ainda mais num tempo onde essas coisas eram feitas à mão... Acho que é uam das mais belas capas da música brasileira. Seria do gênio das capas, o Elifas Andreato?

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  2. Renato Barros quem? é só Renato dos seus blue caps, rs.
    Até mais

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  3. Renato Barros = Renato dos blue caps, viva a internet e a interação com os leitores...

    Muito agradecidos pelo esclarecimento...

    [M]

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  4. A Gal costa gravou "Como dois e dois" naquele disco antológico ao vivo de 71.

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  5. Roberto carlos em sua melhor fase nem produziu lixo e nem obra prima(na minha opinião),ele é uma espécie de guaraná.Quem produziu Whisky escocês Dalmore 62,foi Villa lobos e Tom jobim.

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