terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sepultura, Arise...mais um de 91!









Realmente, como observou meu amigo e parceiro musical Mateus, 1991 foi um ano pródigo em bons lançamentos para o então um pouco desacreditado rock. Talvez tenha sido o último, talvez Nevermind na verdade marque justamente o fim de uma época, como argumenta com boas razões André Forastieri (aqui: http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2011/09/23/nevermind-nao-importa/ ), então só nos resta comemorar os seus bons discos.

Porque este aqui é um blog de pessoas que adoram música, mas somos tiozinhos de 40 e poucos anos que aprenderam a adorar música ouvindo rock, sob uma provável ilusão de ótica de que este poderia ser 'rebelde' ou mesmo 'revolucionário', mesmo sob críticas paternais de 'alienado'. Talvez divertido seja o suficiente.


Its only metal, but I love it.


Então mesmo assim, lamento não ter ido no Rock in Rio e não ter visto o impressionante Slipknot e o sempre clássico Metallica (há mais de 20 anos, em 1989, eu os vi no Maracanãzinho, com o melhor som que já passou por ali!), nem a mistureba Paralamas/Titãs/Orquestra, nem os amigos do NX Zero, nem o divertido Matanza com BNegão...Isso pra não falar no aqui resenhado SEPULTURA com um showzaço com Tambours do Bronx que obviamente merecia o palco principal.

Aliás, como bem perguntou o blog collectorsrrom (aqui: http://collectorsroom.blogspot.com/2011/09/porque-o-brasil-nao-tem-um-festival.html ),

por que o Brasil não tem um festival exclusivo de heavy metal????




Os argumentos são tantos que nem vou me estender. Pessoalmente prefiro a não segregação, sempre gostei de ouvir vários tipos de música num festival, mas a verdade é que os organizadores de festival tem feito dias específicos para metal, não sei como será o SWU.


Sempre lembrando que apesar de assustadora em alguns sentidos, a platéia de metal em geral é menos 'problemática', como discretamente observou o globo (aqui: http://oglobo.globo.com/cultura/rockinrio/mat/2011/09/26/rock-in-rio-facts-as-curiosidades-dos-tres-primeiros-dias-de-shows-do-rock-in-rio-2011-925440293.asp ):"Hoje é rock mesmo. E por incrível que pareça, dá menos problema". Coronel Gaspar, chefe do policiamento no Rock in Rio, sobre o dia metaleiro.



Ao disco então.



Além do fato de 'ser de 1991', este álbum também comparece no livrão no qual nos inspiramos, 1001 discos pra ouvir antes de morrer.

O Sepultura em 1991 foi surpreendido em ser chamado pro Rock in Rio II, por pressão dos fã-clubes e inteligência do Medina, então tiveram que lançar às pressas antes do festival o disco numa pré-mixagem meio tosca mas interessante, chamada de Arise Rough Cuts, por isso aqui tem duas capas, a de cima é referente a este lançamento surpresa e hoje raro de encontrar.

O disco foi gravado em 1990 na Flórida, EUA, novamente com o produtor/engenheiro Scott Burns, que mais uma vez, dessa vez com mais dinheiro, fez um excelente trabalho, o disco tem um sonzaço, pesado mas nítido.


O som mudou um pouco depois de 'Beneath the remains', incorporando elementos de música industrial, iniciante na época (como Ministry por exemplo, com quem estiveram em turnê em 1992 juntamente com o inclassificável Helmet), acrescentando groove através de síncopas e quebradas na pauleira. Mas ainda é metal, thrash, death ou heavy, chame-se como quiser.

O disco entrou até na Billboard 200 USA na posição 119, alcançando a marca de um milhão de discos vendidos mundialmente em 1993.

Os sintetizadores, assim como nos 2 anteriores, ficam a cargo de Henrique, provavelmente o Henrique Portugal do Skank.



E claro, começa com uma paulada na cabeça: 'Arise'! Rapidíssima, agressiva, pesada, com um riff agoniado e uma bateria alucinada, além dos vocais sempre gritados do Max.

'Dead embryonic cells' é das minhas preferidas, pesada mas com aquela quebrada sensacional no meio, bateria com um sonzaço. Tem até um video (foram vários deste disco: Arise, Under siege e Orgasmatron!), estavam podendo os meninos...

'Desperate cry' também é legal sem ser mais do mesmo, começa com um belo dedilhado de guitarra limpa e depois vem aquele peso todo, mas quando começa a voz é que o bicho pega, uma levada avassaladora e cavalar!! E tem aquela quebrada no meio que continua sendo demais! Música longa com muitas passagens diferentes.



'Murder' e 'Subtraction' são boas músicas, sem nada especial.



'Altered state' já traz um idéia tribal a ser mais desenvolvida a partir do próximo disco (Chaos A.D.) e levada à perfeição em Roots. Mas é só no início, depois vem aquela massa sonora pesada e violenta.

'Under siege (Regnum Irae)' também começa com dedilhado, agora num violão e acompanhado por uma bateria com um som enorme. Diferente, mas depois entram os riffs brutais das guitarras e passagens mais trabalhadas, com vocais alterados eletronicamente (parecem gravados ao contrário). Mais uma música de muitas passagens, mas longe de ser confusa.



O disco prossegue à toda velocidade e peso com 'Meanigless movements', metal sem parar, mas sem maiores destaques, tanto nessa quanto na próxima música, 'Infected voice', a última do disco normal.

Digo normal porque no Brasil o disco incluía uma música a mais, um lado B do single de 'Dead embryonic cells', 'Orgasmatron' do Motörhead, que, pra variar, ficou sensacional, mesmo com a lenda de que o Max cantou bêbado...o Lemmy (se vc não sabe quem é, pare de ler já!) diz que gosta da versão mas não da voz...hahaha.

A versão relançada em 1997 também traz mais músicas: 'Intro', 'CIU (criminals in uniform)' e um mix diferente de 'Desperate cry' by Scott Burns, já que a mixagem posterior é de Andy Wallace.

E assim foi...depois do disco, sucesso mundial, excursão mundial. Antes de ir pro mundo, o Sepultura deu um show gratuito em Sampa na Praça Charles Müller, em frente ao Pacaembu. Esperados 10.00 fãs (e providenciada força policial para isto...), compareceram 40.000. O que aconteceu? Tumultos, brigas, muitos feridos e um morto. Culpa da banda, claro, que faz música pesada...Fala sério!

Sobram a fama e o prestígio. Sepultura, a grande banda brasileira. Que continua na ativa.

Um comentário:

  1. Pra quem não é muito chegado no som (confesso que as resenhas do Dão me deixam curioso, pero...), o link para o "último prego no caixão do rock" do Forastieri é imperdível... Não deixem de ler! Apesar de desanimador (sob certo aspecto, porque sob outro é exatamente o contrário!). Repito o link:

    http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2011/09/23/nevermind-nao-importa/

    [M]

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