domingo, 11 de setembro de 2011
Txai, Milton Nascimento
Atípicos! O cd e o fato de eu gostar dele. O mítico disco do Clube da Esquina provavelmente será um dos últimos a ser postados por aqui, apesar do seu mérito.
Mas fugirei do óbvio, até porque eu gosto deste aqui.
Por incrível que pareça, há uma conexão deste disco com o Roots do Sepultura, claro que não na sonoridade (apesar do Milton ter gravado com a banda de heavy metal Angra!), mas na ligação com os índios, ou melhor, os povos da floresta. Os dois discos trazem cantos gravados pelos índios e músicas inspiradas e/ou compostas com os citados povos. O que me lembra um outro disco que tenho que postar aqui, um de nome esquisito da Marlui Miranda - que inclusive participa deste disco.
O disco inicia já diferente, com Milton cantando ao fundo um tema composto para o Ballet David Parsons e um índio, Davi Kopenawa Yanomami, declamando um texto sobre as maldades do homem branco...
Em seguida a faixa título, bonita, simples, com a belísssima voz e uma levada bem jazzy-mpb-clubedaesquina, se é que vc me entende.
Esclarecendo, 'Txai': palavra dos índios Kaxinawu adotada no Acre como tratamento de respeito e carinho a todos os aliados dos povos da floresta.
'Baü mêtóro' lembra mais uma vez o Roots, sendo aqui um canto do povo Kayapó do A-Ukre.
Voltamos então ao universo mais típico, 'Coisas da vida', com o parceiro Fernando Brant, uma linda canção, límpida e clara.
'nunca é igual
se for bem natural
se for de coração
além do bem, do mal,
coisas da vida
o amor enfim
ficou senhor de mim
e eu fiquei assim
calado, sem latim
coisas da vida'
Mais uma canção indígena, 'Hoeiepereiga', do povo Paiter.
'Estórias da floresta' (Milton/ Fernando Brant) é muito legal, vozes do Milton e uma percussão discreta.
'Yanomami e nós (pacto de vida)' mais uma com Brant, é uma música bem triste e bela, com cordas melodramáticas, mas interpretação contida. Participação especial de Heitor TP no violão!
'Awasi', outra indígena, agora do povo Waiãpi.
'A terceira margem do rio' (Milton e Caetano) é destoante, intensa e com aquelas letras vagas e caetânicas...
'Benke' é cantada por Milton juntamente com Leonardo Bretas, um menino com voz bonita e, claro, infantil. Depois entra um coro infantil, que vejo aqui, inclui um Diogo Nogueira, será o futuro sambista?? As crianças aparecem por ser uma canção com o nome de um curumim e é dedicada a todos os curumins de todas as raças do mundo.
'Sertão das águas' traz o parceiro de composição Ronaldo Bastos numa bela e típica canção.
'Que virá dessa escuridão?' é mais uma triste composição desse disco sombrio, tocante e florestal.
Uma surpresinha, 'Curi curi' traz a voz do saudoso ator River Phoenix em livre interpretação sobre um texto do índio Tsaqu Waiãpi.
Agora uma canção indígena, composta por H. Villa-Lobos e Roquette Pinto, na voz e violão de Marlui Miranda, com a voz de Milton e uma percussão bem leve:'Nozani Na'.
E pra terminar, mais uma nas vozes dos índios, aqui com o povo Kayapó do A-Ukre.
Um disco diferente, só pra variar.
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Que belleza de trabajo. No hay desperdicios de ninguna especie. Cuando el disco salió al mercado, mi compadre Oswaldo Medina y Yo lo oímos sin descanso. Sencillamente genial!!!
ResponderExcluirTXAI, é um momento único do Milton, que além dos mil tons geniais, incorpora o som dos povos da florestas. Ele é magistral menestrel. A sua voz poética reverbera pelos tempos. Vivíamos uma narrativa positiva para os povos da floresta. Na música e cultura. Calaram seus líderes, Milton no ostracismo midiático. O agrobusiness querendo a amazônia como um grande pasto e com soja.
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