Tem discos que além da sua qualidade, tem um valor subjetivo maior ainda por remeter à memória afetiva de cada um de nós. E certamente, no meu caso, o Dois do Legião Urbana cumpre esse papel. Lembro que eu já era fã (não perdia um show deles em Campinas entre 1984 e 1987 - foram uns cinco) e comprei o disco, mesmo sem conhecer as músicas. E me surpreendi positivamente pela qualidade. A explosão e as letras mais diretas do primeiro disco deram vez a metáforas mais ricas e a um olhar mais introspectivo.
A capa (arte de Fernanda Pacheco) era simples, cor de bronze, escrito apenas Legião Urbana com Dois em relevo, enquanto na contra-capa tinha o nome dos quatro integrantes e da produção de Mayrton Bahia. Sem nome de músicas, sem desenhos, fotos, etc. Enfim, simples...e de bom gosto. No encarte interno fotos, informações técnicas, a relação das músicas com suas longas letras e um aviso: “escute no volume máximo!”. Somente nesse volume, é possível identificar que “Daniel na Cova dos Leões” (música que abre o lado A) começa o som de um dial do rádio girando e passando pelo final de “Será” (sucesso do disco anterior) e pelo hino da Internacional Socialista.
Diferentemente da imensa maioria dos discos do recém-nascido rock nacional, Dois não apresenta refrões fáceis e repetidos (garantia de sucesso para as bandas), suas 12 músicas tinham títulos cuja identificação com a letra não era automática, foi lançado sem que houvesse uma música de trabalho específica, as letras eram de difícil memorização e, para completar, suas músicas tinham longa duração para os padrões das rádios na época (músicas com cerca de 5 minutos de duração). O projeto original era ainda para ser um álbum duplo, mas isso a gravadora vetou. E foi contrariando a fórmula do sucesso que esse disco surpreendeu a indústria fonográfica e emplacou, vendendo mais de 1,2 milhões de cópias. Sinal de que o público tinha bom gosto também.
Mantendo-se fiel à linguagem jovem da década de 1980, mas mostrando uma maior maturidade nas suas canções, Renato Russo e seus parceiros conseguem unir letras ricas e bem articuladas de um lado, com ótimos arranjos e sonoridade marcante de outro.
Depois da citada “Daniel na Cova dos Leões”, vem “Quase sem querer”, que acabou se tornando uma das mais tocadas. A terceira, “Acrilic On Canvas”, é uma verdadeira obra de arte: trabalhei você em luz e sombra. Depois continua com a história de “Eduardo e Monica” (grande sucesso na época), seguida pela instrumental “Central do Brasil” para fechar o lado A com “Tempo Perdido”: nem foi tempo perdido..somos tão jovens.
O lado B do vinil tem um som mais pesado, abrindo com “Metrópole”, com riff de guitarra marcante na introdução, para emendar com “Plantas debaixo do Aquário” (não deixe a guerra começar). Depois vem “Música Urbana 2” (Renato Russo ao melhor estilo Lou Reed) e “Andrea Doria” (referência a um navio italiano, que naufragou quando seguia para Nova York em 1956 após se chocar com uma outra embarcação, com um saldo de 51 mortos – a maioria sobreviveu - e o desaparecimento de algumas obras de arte italianas). O disco fecha com as politizadas “Fábrica” (quero tra-ba-lhar em paz... não é muito o que lhe peço) e “Índios” (nos deram espelhos..e vimos um mundo doente..tentei chorar..e não consegui).
Pessoalmente, esse disco (e particularmente seu vinil) remete a lembranças de uma época em que tão importante quanto viver intensamente, era fazermos nossa própria trilha sonora. E para isso, esse disco foi fundamental.
A capa (arte de Fernanda Pacheco) era simples, cor de bronze, escrito apenas Legião Urbana com Dois em relevo, enquanto na contra-capa tinha o nome dos quatro integrantes e da produção de Mayrton Bahia. Sem nome de músicas, sem desenhos, fotos, etc. Enfim, simples...e de bom gosto. No encarte interno fotos, informações técnicas, a relação das músicas com suas longas letras e um aviso: “escute no volume máximo!”. Somente nesse volume, é possível identificar que “Daniel na Cova dos Leões” (música que abre o lado A) começa o som de um dial do rádio girando e passando pelo final de “Será” (sucesso do disco anterior) e pelo hino da Internacional Socialista.
Diferentemente da imensa maioria dos discos do recém-nascido rock nacional, Dois não apresenta refrões fáceis e repetidos (garantia de sucesso para as bandas), suas 12 músicas tinham títulos cuja identificação com a letra não era automática, foi lançado sem que houvesse uma música de trabalho específica, as letras eram de difícil memorização e, para completar, suas músicas tinham longa duração para os padrões das rádios na época (músicas com cerca de 5 minutos de duração). O projeto original era ainda para ser um álbum duplo, mas isso a gravadora vetou. E foi contrariando a fórmula do sucesso que esse disco surpreendeu a indústria fonográfica e emplacou, vendendo mais de 1,2 milhões de cópias. Sinal de que o público tinha bom gosto também.
Mantendo-se fiel à linguagem jovem da década de 1980, mas mostrando uma maior maturidade nas suas canções, Renato Russo e seus parceiros conseguem unir letras ricas e bem articuladas de um lado, com ótimos arranjos e sonoridade marcante de outro.
Depois da citada “Daniel na Cova dos Leões”, vem “Quase sem querer”, que acabou se tornando uma das mais tocadas. A terceira, “Acrilic On Canvas”, é uma verdadeira obra de arte: trabalhei você em luz e sombra. Depois continua com a história de “Eduardo e Monica” (grande sucesso na época), seguida pela instrumental “Central do Brasil” para fechar o lado A com “Tempo Perdido”: nem foi tempo perdido..somos tão jovens.
O lado B do vinil tem um som mais pesado, abrindo com “Metrópole”, com riff de guitarra marcante na introdução, para emendar com “Plantas debaixo do Aquário” (não deixe a guerra começar). Depois vem “Música Urbana 2” (Renato Russo ao melhor estilo Lou Reed) e “Andrea Doria” (referência a um navio italiano, que naufragou quando seguia para Nova York em 1956 após se chocar com uma outra embarcação, com um saldo de 51 mortos – a maioria sobreviveu - e o desaparecimento de algumas obras de arte italianas). O disco fecha com as politizadas “Fábrica” (quero tra-ba-lhar em paz... não é muito o que lhe peço) e “Índios” (nos deram espelhos..e vimos um mundo doente..tentei chorar..e não consegui).
Pessoalmente, esse disco (e particularmente seu vinil) remete a lembranças de uma época em que tão importante quanto viver intensamente, era fazermos nossa própria trilha sonora. E para isso, esse disco foi fundamental.
Não há mentiras nem verdades aqui, só há música urbana.
[Paul]
Para escutar:
http://www.4shared.com/get/100231916/8ee3a716/Legiao_Urbana_-__Dois.html
você ein paul, tá simplesmente destruindo com a tuas resenhas! essa tá linda...
ResponderExcluir[ANDRÉA]
minha droga meu maior vicio legiao
ResponderExcluir[elen de cassia.caldasnovas]
Paul, estava em Salvador, numa minúscula e excelente loja de cds e tava rolando o Dois. Não resisti e saí de lá com o meu. Maravilha de som...
ResponderExcluir[ANDRÉA]