segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Inspirado. Psicodélico. Alucinante.


Este post deveria ser feito pelo meu amigo penavadia, mas ele não quis... Não sei se deu preguiça, ou foi falta de sintonia com o assunto, mas esse post, de alguma forma é dele. Dele e da minha musa inspiradora, mãe dos meus filhos, meu anjo salvador que um dia vendo a propaganda de mais uma nova coletânea de Belchior na TV se pronunciou num momento raro: ai, eu queria esse disco... Tem que ter uma sensibilidade diferente para curtir a voz quase fanhosa, o indisfarçável sotaque cearense, as letras que beiram o épico...

Coletânea do Belchior é que nem festa de criança, da turma da escola: são sempre os mesmos convidados, só muda a ordem. Mas esta aqui é quase uma coletânea pois Belchior era apenas um rapaz latino-americano do Ceará quando em 1976 lançou este seu alucinação. É o disco onde ele gravou seus maiores clássicos: Apenas um Rapaz Latino-americano, Como Nossos Pais (imortalizado por Elis Regina), Velha Roupa Colorida (minha favorita) e A Palo Seco. Belchior tem um timbre de voz facilmente identificável e dificilmente digerível, mas as canções e os arranjos deste álbum colocam a esta questão em segundo plano. Completam o disco Sujeito de Sorte, Como o Diabo Gosta, Não Leve Flores, Fotografia 3x4, Antes do Fim e a faixa-título, Alucinação. É o seu melhor disco, sem dúvida, o mais inspirado.

E pra meu outro amigo, um baiano daquela cidedezinha que tem perto de Ilhéus, que sempre me foge o nome, ah sim, Itabuna!, não consigo privar esta pequena resenha de meu olhar rock'n'roll: O Belchior tá na fronteira do que era em '76 chamado MPB (Gil, Chico, Caetano) e rock. Suas indisfarçáveis alusões aos Beatles aparecem sempre, mas esse nem é o fator principal, o disco é rock'n'roll mesmo é no desespero, na alucinação e na vontade de abraçar o mundo.

Um último comentário quase-besta: a edição em cd que eu dei pra chefe do "fã-clube do Belchior lá de casa" merecia uma edição mais caprichada: uma remasterização (essas coisas que se fazem em estúdio pra comemorar o relançamento de um clássico no formato CD) e um encarte que fizesse justiça a esta alucinada coleção de canções.

[M]

6 comentários:

  1. Mateus, com base nos e.mails que trocamos, é preciso reconhecer que em sua casa quem entende de musica é sua esposa. ZEBA

    ResponderExcluir
  2. Sorte a minha que alguém entenda...[M]

    ResponderExcluir
  3. Belchior é ótimo. Como vc falou, quase tudo coletânea. Tem uma outra ótima: Belchior - Projeto Fanzine. Mas só vale pra quem não tem nenhuma, por óbvio.

    Se me permite, seu texto mais curto ajuda. Sem ficar explicando sentimentos, sensações, ou tradução pessoal de cada faixa. Afinal cada um tem apropria. Confesso que só checo as capas das indicações. Com seu texto menor fiquei interessado em ler. Abs. ZEBA

    ResponderExcluir
  4. Vou procurar fazer uma "resenha da resenha" nas próximasahah ahhah ahhahh ahh... [M]

    ResponderExcluir
  5. Esse disco é excelente, mas o primeiro dele, A Palo Seco, é muito subestimado. Na minha opinião é ainda melhor que Alucinação.

    ResponderExcluir
  6. Pôxa a voz do moço nem é tão ruim assim,eu gosto.

    ResponderExcluir