E pra um dia frio, blues.
Blues brazuca, com letras típicas - algumas em português, versões, muitas instrumentais e um suíngue apimentado.
Maior banda brasileira de blues, com 26 anos de estrada, merece estrear a seção blueseira do nosso blog.
Play the blues!
Que inclusive começa rock'n'roll: 'It's my soul' tem essa vibe, aquele shuffle típico com aquela gaita bem tocada pelo sensacional Flávio Guimarães, além do slide do Otávio Rocha! Soul blues.
'O sol também se levanta' é um exemplo de blues bem transportado pro Brasil, uma letra sobre ressaca (podia ter tocado no dia seguinte do Itupervastock), instrumental acústico.
"O sol me acorda e ainda é cedo!
Eu fico logo de mal humor
A minha cabeça ta rodando, de onde é que vem esse tambor
É de manha e eu tô numa ressaca, eu me arrasto até o banheiro
me sentindo enjoado enfio a cara no chuveiro
É nessas horas, eu digo pra mim mesmo nunca mais vou beber
Mas vem caindo a tardinha...
Preparo outra caipirinha"
'Cachorrada' é instrumental, com uns metais (gaita, trompete by Greg Wilson e sax barítono by Henrique Band) muito legais, além do solo matador!
Aí vem a maneiríssima faixa-título, uma música de capoeira com berimbau e atabaque do Mestre Garrincha, arranjada pro formato blues com slide dobro e tudo! Muito muito legal! Solo de gaita sensacional.
"Ela tem dente de ouro
Aih meu deus foi eu quem mandei 'botar'
Vou rogar é, uma praga prá esse dente se quebrar
Ela de mim não se lembra, aih meu deus nem dela vou me lembrar
Casa de palha é palhoça, se eu fosse fogo queimava
Toda mulher ciumenta, se eu fosse a morte eu matava"
Mais uma instrumental 'Dromedário', cheia de wah-wahs, solo de baixo e gaita altíssima.
'Misty mountain' é mais contemplativa, começando com um violão e voz bonitos, solinho de gaita e entra a banda, dinâmica é tudo...vale a audição, eu sempre gosto de ouvir essa lá de cima das montanhas.
Mais uma instrumental, 'Texas frogs', animada e alto astral, tá até esquentando esse frio gélido curitibano.
'It ain't easy' é um suinguezinho maneiro, não tipicamente blues, mas se mistura bem no geral.
'William's influence' é uma instrumental com um som de gaita diferente, é a cromática. Só não sei quem é o William...
Toca Raul!! 'Canceriano sem lar (Clínica Tobias blues)' ficou muito legal, num blues acústico com aquelas paradinhas típicas e um slide dobro malandro.
Na seqüência mais uma instrumental, 'Albert's mix', agora com um pouco mais de drive! A música termina de repente, estranhíssimo, deve ser o Albert King cortando a mix...
'Águas barrentas', provavelmente em homenagem ao Muddy Waters, sacode a casa.
'Mambo chutney' é bem latina, com uma guitarra balançante, congas e trompete, legal.
'Liberdade' é uma boa surpresa, de Fernando Pessoa (acho que é o poeta português) e Márcia de Carvalho, bluesão quase acústico com uma voz com distorção ao fundo.
Que já emenda numa instrumental mais lenta e bem curtinha, 'Elefante'. Acho que tem instrumentais demais, por mais que sejam legais, né?
'Cerveja' lembra por que eles são etílicos! Co-autoria dos caras com o Fausto Fawcett, que inclusive canta aqui com aquela voz carioca típica.
"Vou virar vou virar esse copo
Cheio de espuma cheio de ouro
Vem cerveja vem beijar meu sangue
Alquimia de espuma libertaria
O mundo é veia aberta a minha volta
Hoje eu to bebendo cerveja
Toda bebida é binóculo da alma
É raio x da perdição dos sentimentos
Cerveja me libera, me leva ao paraíso
Ah loura liquida me leva pro seu liquid sky
O mundo é veia aberta a minha volta
Hoje eu to bebendo cerveja
É paraíso dos desejos, encruzilhada violenta de tesão
Que me importa como o tempo passa
Cerveja me libera
Pra tempestade da carne
Pra tempestade da rua pra tempestade do sexo
Pra tempestade de tudo
O mundo é veia aberta a minha volta
Hoje eu to bebendo cerveja"
E depois de 16 músicas, 'Little Martha' (D. Allman) termina bonito o disco, acústica e leve.
Long live the blues.
Talvez o William seja Williamson, Sonny Boy Williamson, gaitista americano das anitiquiquiquissimas... Williamson's Influence ficaria um título muito tsbajara... [M]
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