Um álbum mais recente, que esse blog tá cheirando a mofo...
Um disco de virada, no qual um grupo conhecido por uma sonoridade de festa, reggae e dancehall, música pra pular enfim, modifica os timbres, as composições e intenções, sem romper totalmente com o flerte com as massas, que afinal são o que mantém o leite de casa, né? Saem os metais, nada de trompete ou sax por aqui.
No começo, tudo parece mais do mesmo, claro que com a qualidade de sempre. ‘Água e fogo’ (co-autoria de Edgard Scandurra e o habitual Chico Amaral) é ótima pra animar uma pré-balada, um esquenta como se diz. E ‘Três lados’ é uma boa balada com aquele violão simpático. Mas não se engane, não é o que parece. ‘Ela desapareceu’ é uma excelente balada animada, mas começam a aparecer uns barulhinhos esquisitos e interessantes, e a letra é bem acima da média, além da citação de 'Like a rolling stone'. “Não há ninguém nos jardins/ Não há mais clareza, nem meios pra esses fins/ Escuridão na veia com mil disfarces úteis/ Tudo se resolveu na areia/ Onde fazem casa os avestruzes/ Ou quem/ Não pode admitir que tem motivos pra viver com alguém”.
Na seqüência vem clichê, como o próprio Samuel Rosa diz. ‘Balada do amor inabalável’, com co-autoria de Fausto Fawcett, começa com uma guitarrinha inesquecível, seguida por aquela canção redondinha com um vocoder (aquela som de voz robotizada) no refrão e vibrafone de Marcelo Lobato, tecladista e baterista do Rappa. Pop e original, até tocou na rádio!
Pra não abandonar o reggae, vem ‘Canção noturna’, com um clima meio western e praia, combina apesar de inesperado. Muitas vozes sobrepostas, bom de ouvir no fone.
‘Muçulmano’, boa canção pop, com refrão ganchudo e ‘tchururu’, com frases de slide discretos e de bom gosto. Só não entendo o porquê do nome.
Aí começa a virada: ‘Maquinarama’ é um drum’n’bass pesado, com bateria humana, percussão do nosso conhecido Ramiro Musotto (que aparece em várias músicas) e guitarras distorcidas. Significativo que seja a música título do álbum. O refrão dá uma acalmada pra ouvirmos melhor a letra: ‘Eu sei que essa vida contém cenas de perplexidade/ Esse filme, pensando bem é impróprio pra qualquer idade’. Excelente!
‘Rebelião’ começa com uma bateria discreta à qual se seguem as superguitarras do Samuel e de Andréa Kisser (Sepultura!), além da percussão do Musotto e baixo adicional do finado e saudoso Tom Capone, que divide a produção com Chico Neves, uma excelente idéia que não deixa o disco com cara de ninguém. Lá pelo meio aparece uma cítara muito legal. ‘E pronto pra queimar’, repete-se muitas vezes. Sempre é bom não esquecer que o nome da banda realmente se refere ao irmão geneticamente potencializado da Cannabis.
‘A última guerra’ acalma um pouco a onda, com belos pianos elétricos. Lô Borges, ídolo e parceiro, dá um upgrade por aqui, mostrando a referência eterna do Clube da Esquina. Ele, Lô, também gravou música do Skank. O disco seguinte deixa essa influência mais explícita, além de outras que serão comentadas na sua hora.
‘Fica’ é aquela típica canção Skank, animada, festeira, com uma bateria dancehall eletrônica no começo, boa de cantar na pista. “Pode parecer mentira/ pode parecer que não/ Eu te tenho bem na mira/ mas você me tem na mão”.
‘Ali’ é mais uma baladona com violão, que não deixa dúvidas da boa parceria com Nando Reis. Anda sempre bem acompanhado o Skank! Muitas vozes, alto astral, uma guitarra estranha parecida com cítara.E pra terminar um reggae doidão com uma percussão quase samba e que, no meio, dá uma virada pra música ‘quase eletrônica’, fechando com chave de ouro. ‘Preto Damião’!
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O que você tem contra o mofo?... Afinal, o mofo pode ser lisergicamente interessante...
ResponderExcluirO disco é muito bom mesmo. Tava faltando o skank aqui!
[M]
nossa, sempre me liguei no maquinarama por causa da "última guerra". que ouvido restrito esse meu...
ResponderExcluirvou por pra rodar agora mesmo e descobrir as outras delícias do anti-mofo!
[ANDRÉA]