A música brasileira é repleta de contribuição feminina ao longo do tempo. Desde Dolores Duran, passando por Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee até chegar a nomes mais recentes como Marisa Monte e Cássia Eller, sempre tivemos grandes mulheres que se destacaram e influenciaram gerações. Entretanto, a imensa maioria é composta por intérpretes. Ainda que algumas delas fossem autoras de suas canções ou ainda tocavam algum instrumento para acompanhar, foi a voz o principal legado de cada uma delas.
Nesse universo de estrelas cintilantes, uma delas se diferencia das demais justamente por ser instrumentista e não cantora. Trata-se de Maria Rosa Canellas, ou simplesmente, Rosinha de Valença, como ficou conhecida essa pioneira da música brasileira em referência à sua cidade natal fluminense. Justamente por não ser uma cantora, eu mesmo demorei a conhecê-la e, mais importante ainda, reconhecê-la como grande estrela na música nacional. Lembro até hoje quando, meu bom e velho amigo Zé Edu, em Campinas, em algum ano do início desse século, me mostrou, entre suas últimas aquisições, o CD “Rosinha de Valença apresenta Ipanema Beat”. Na hora em que ouvi os primeiros acordes, fiquei impressionado e pensando como pude demorar tanto tempo para conhecer aquela instrumentista. Trata-se de um disco ímpar e desde então entrou para o rol dos meus prediletos, daqueles que escolheria para salvar em caso de incêndio.
Após Rosinha de Valença passar grande parte da década de 1960 acompanhando nomes principais da música brasileira e mundial como Stan Getz e ter se apresentado em diversos países do mundo como URSS, Israel, Moçambique e Angola, ela optou por gravar esse disco instrumental em Johnnesburg, na África do Sul ao lado dos músicos Duncan MacKay (órgão), Hilton Leite (bateria) e Bernardo Bernstein (contrabaixo) numa época em que a África do Sul ainda vivia sob o isolamento da sua política da Apartheid. E o resultado foi uma verdadeira obra-prima experimental, fortemente recomendada a todos que admiram um som diferente e marcante, com ritmos e acordes que, embora datados, têm muito valor. Não vou me ater muito a detalhes das 10 canções do disco, mas destaco a versão de “Je T’aime moi non plus” (clássico erótico de Gainsbourg de 1968, famoso pela interpretação de Jane Birkin & Serge Gainsbourg), “A White Shade of Pale” (Keith Reid), que tanto marcou o final da década de 1960 na interpretação de Procol Harum, além de duas composições dela mesmo (“Rosinha’s Mood” e “Bossa na Praia”).
O texto de apresentação da contra-capa, que leva a assinatura da própria autora, consegue transmitir fidedignamente a atmosfera da época. Pena que depois de passar 12 anos em coma, em 2004 perdemos essa excelente instrumentista. Mas felizmente deixou grandes obras, sejam pessoais como essa, seja ao lado de outros grandes nomes da música (por exemplo, participando do disco Álibe, de Maria Bethânia). Valeu Rosinha! [Paul]
Set list
“Rosinha de Valença apresenta Ipanema Beat”
1 – Sitting
2 – Isole Natale
3 – Je t’aime moi non plus
4 - Mercy, Mercy
5 – Rosinha’s Mood
6 – A White Shade of Pale
7 – Sunshine Superman
8 – Bossa na Praia
9 - T Bone Steak
10 – Forever Yet Forever
Nesse universo de estrelas cintilantes, uma delas se diferencia das demais justamente por ser instrumentista e não cantora. Trata-se de Maria Rosa Canellas, ou simplesmente, Rosinha de Valença, como ficou conhecida essa pioneira da música brasileira em referência à sua cidade natal fluminense. Justamente por não ser uma cantora, eu mesmo demorei a conhecê-la e, mais importante ainda, reconhecê-la como grande estrela na música nacional. Lembro até hoje quando, meu bom e velho amigo Zé Edu, em Campinas, em algum ano do início desse século, me mostrou, entre suas últimas aquisições, o CD “Rosinha de Valença apresenta Ipanema Beat”. Na hora em que ouvi os primeiros acordes, fiquei impressionado e pensando como pude demorar tanto tempo para conhecer aquela instrumentista. Trata-se de um disco ímpar e desde então entrou para o rol dos meus prediletos, daqueles que escolheria para salvar em caso de incêndio.
Após Rosinha de Valença passar grande parte da década de 1960 acompanhando nomes principais da música brasileira e mundial como Stan Getz e ter se apresentado em diversos países do mundo como URSS, Israel, Moçambique e Angola, ela optou por gravar esse disco instrumental em Johnnesburg, na África do Sul ao lado dos músicos Duncan MacKay (órgão), Hilton Leite (bateria) e Bernardo Bernstein (contrabaixo) numa época em que a África do Sul ainda vivia sob o isolamento da sua política da Apartheid. E o resultado foi uma verdadeira obra-prima experimental, fortemente recomendada a todos que admiram um som diferente e marcante, com ritmos e acordes que, embora datados, têm muito valor. Não vou me ater muito a detalhes das 10 canções do disco, mas destaco a versão de “Je T’aime moi non plus” (clássico erótico de Gainsbourg de 1968, famoso pela interpretação de Jane Birkin & Serge Gainsbourg), “A White Shade of Pale” (Keith Reid), que tanto marcou o final da década de 1960 na interpretação de Procol Harum, além de duas composições dela mesmo (“Rosinha’s Mood” e “Bossa na Praia”).
O texto de apresentação da contra-capa, que leva a assinatura da própria autora, consegue transmitir fidedignamente a atmosfera da época. Pena que depois de passar 12 anos em coma, em 2004 perdemos essa excelente instrumentista. Mas felizmente deixou grandes obras, sejam pessoais como essa, seja ao lado de outros grandes nomes da música (por exemplo, participando do disco Álibe, de Maria Bethânia). Valeu Rosinha! [Paul]
Set list
“Rosinha de Valença apresenta Ipanema Beat”
1 – Sitting
2 – Isole Natale
3 – Je t’aime moi non plus
4 - Mercy, Mercy
5 – Rosinha’s Mood
6 – A White Shade of Pale
7 – Sunshine Superman
8 – Bossa na Praia
9 - T Bone Steak
10 – Forever Yet Forever
Aí pessoal, legal o blog, gostei muito, a ideia dos 1001 discos brasileiros foi boa, mas pelo visto vai demorar a chegar lá, mas o importante é o conteúdo, como dizem "a pressa é inimiga da perfeição", continuem que vou acompanhá-los até chegarem lá.
ResponderExcluirTambém tenho um blog "cantodocalado.blogspot.com", nada muito sério, apenas para desopilar, onde comento sobre meus LPs (que passam dos 1001).
Um grande abraço e parabéns.
Robson Calado
Carai, Paul, mandou muito bem!
ResponderExcluirValeu, Robson! A idéia do blog surgiu numa brincadeira e continua sendo. Curtição total e que bom que tem mais gente curtindo.
ResponderExcluirTô olhando seu blog... rapaz, vc tem mais de 1001 LPs? De dar inveja! Sensacional!
Gde abraço!
Luiz Marcelo
Interessante! deve ser difícil de achar esse disco, não?
ResponderExcluirMas..."o principal legado de cada uma delas". Pô! o cara já tá matando, Gal, Rita e Marisa Monte". Sacanagem. O que as moças fizeram procê!
Zeba.
12 anos em coma! que tragédia.
ResponderExcluirO que aconteceu? topou com Rubinho na frente...
Zeba.
paul, ouvi a rosinha, muito bonito...
ResponderExcluirque nem teu texto!
[ANDRÉA]