Gravado em 1968 para ser lançado em 1969 durante um dos períodos mais pesados da ditadura militar, o primeiro disco solo da Gal Costa pode estar longe de ser um dos mais marcantes da sua carreira, mas para mim trata-se sim de um registro histórico que merece constar dessa lista, ainda que por motivos pessoais.
Contrastando com o período tenso politicamente, que resultou no exílio dos colegas tropicalistas Caetano e Gil, Gal acaba optando por um disco que ainda cultivava suas raízes tropicalistas, a começar pela direção do maestro Rogério Duprat e temáticas ao mesmo tempo leves e provocativas.
Começando com “Não Identificado”, belíssima canção de Caetano Veloso que também gravou no disco próprio quase que paralelamente (já citado nesse blog), Gal já anuncia sua opção por “fazer uma canção de amor... para gravar num disco voador”. Confesso minha inveja pessoal, pois quisera eu ter a capacidade de compor uma canção de amor para alguém especial.
Em seguida, Gal passeia pelo xaxado em “Sebastiana”, para interpretar em seguida outra canção de Caetano, também gravada por ele no disco contemporâneo: “Lost in Paradise”.
Depois usa as metáforas típicas do tropicalista Tom Zé ao interpretar a aparentemente singela “Namorinho no Portão”, sem abrir mão da crítica velada ao momento político que o país atravessava:
Conheço esta onda...Vou saltar da canoa...Já vi, já sei que a maré não é boa....É filme censurado
Chega de Saudade! Em “Saudosismo”, interpreta novamente Caetano Veloso em uma bela homenagem à Bossa Nova.
Eu, você, nós dois
Contrastando com o período tenso politicamente, que resultou no exílio dos colegas tropicalistas Caetano e Gil, Gal acaba optando por um disco que ainda cultivava suas raízes tropicalistas, a começar pela direção do maestro Rogério Duprat e temáticas ao mesmo tempo leves e provocativas.
Começando com “Não Identificado”, belíssima canção de Caetano Veloso que também gravou no disco próprio quase que paralelamente (já citado nesse blog), Gal já anuncia sua opção por “fazer uma canção de amor... para gravar num disco voador”. Confesso minha inveja pessoal, pois quisera eu ter a capacidade de compor uma canção de amor para alguém especial.
Em seguida, Gal passeia pelo xaxado em “Sebastiana”, para interpretar em seguida outra canção de Caetano, também gravada por ele no disco contemporâneo: “Lost in Paradise”.
Depois usa as metáforas típicas do tropicalista Tom Zé ao interpretar a aparentemente singela “Namorinho no Portão”, sem abrir mão da crítica velada ao momento político que o país atravessava:
Conheço esta onda...Vou saltar da canoa...Já vi, já sei que a maré não é boa....É filme censurado
Chega de Saudade! Em “Saudosismo”, interpreta novamente Caetano Veloso em uma bela homenagem à Bossa Nova.
Eu, você, nós dois
Já temos um passado, meu amor
Um violão guardado...Aquela flor
E outras mumunhas mais
As próximas marcam definitivamente sua opção pelo tom ao mesmo tempo romântico e provocativo, com a escolha de duas canções da dupla Roberto e Erasmo (que talvez admirados pela interpretação dela, no mesmo ano comporiam “Meu nome é Gal”, canção que marcou a sua carreira em seguida).
Primeiro com “Se você pensa”, uma espécie de recado à pessoa amada que se mantém indecisa:
É melhor pensar depressa e escolher antes do fim
As próximas marcam definitivamente sua opção pelo tom ao mesmo tempo romântico e provocativo, com a escolha de duas canções da dupla Roberto e Erasmo (que talvez admirados pela interpretação dela, no mesmo ano comporiam “Meu nome é Gal”, canção que marcou a sua carreira em seguida).
Primeiro com “Se você pensa”, uma espécie de recado à pessoa amada que se mantém indecisa:
É melhor pensar depressa e escolher antes do fim
Você não sabe e nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valer
O bom é ser feliz e mais nada, nada.
Recado dado, manteve a linha em “Vou recomeçar”
Não sei por que razão eu sofro tanto em minha vida
Não sei por que razão eu sofro tanto em minha vida
A minha alegria é uma coisa tão fingida
A felicidade já é coisa esquecida
Mas agora vou recomeçar
Não vou ser mais triste
Vou mudar daqui pra frente
O importante é a vida aproveitar... e recomeçar.
Atenção menina! ...É Preciso estar atento e forte!
Em “Divino e Maravilho”, de Caetano e Gil, a mensagem está claramente contextualizada. Essa canção inicia a seqüência de três que tornaram-se clássicas dela.
“Que Pena”..ela já não gosta mais de mim. Na canção de Jorge Ben, Gal faz parceria belíssima com Caetano para estabelecer um belo diálogo. O importante, novamente, é a volta por cima em alto estilo ao sair de uma relação:
Mas eu não vou chorar
O importante é a vida aproveitar... e recomeçar.
Atenção menina! ...É Preciso estar atento e forte!
Em “Divino e Maravilho”, de Caetano e Gil, a mensagem está claramente contextualizada. Essa canção inicia a seqüência de três que tornaram-se clássicas dela.
“Que Pena”..ela já não gosta mais de mim. Na canção de Jorge Ben, Gal faz parceria belíssima com Caetano para estabelecer um belo diálogo. O importante, novamente, é a volta por cima em alto estilo ao sair de uma relação:
Mas eu não vou chorar
Eu vou é cantar
Pois a vida continua
Mantendo a dupla com Caetano, segue com “Baby”, clássico incluído nesse disco após o sucesso no disco “Tropicália ou Panis et Circenses”, mas com um arranjo levemente diferente, em que sobressai um som orquestral. Majestoso!
Você precisa saber da piscina
Mantendo a dupla com Caetano, segue com “Baby”, clássico incluído nesse disco após o sucesso no disco “Tropicália ou Panis et Circenses”, mas com um arranjo levemente diferente, em que sobressai um som orquestral. Majestoso!
Você precisa saber da piscina
Da margarina
Da Carolina
Da gasolina
Você precisa saber de mim
Em “Coisa mais linda que existe”, de Gil e Torquato Neto, Gal mantém o astral leve e carinhoso na dose certa.
Essa alegria, o perigo
Em “Coisa mais linda que existe”, de Gil e Torquato Neto, Gal mantém o astral leve e carinhoso na dose certa.
Essa alegria, o perigo
Eu quero tudo contigo
Com você perto de mim (...)
Coisa mais linda que existe... é ter você perto de mim
Considero essa passagem uma pérola: simples, que emociona.
O disco termina com “Deus é Amor” com a batida típica de Jorge Ben, cujo primeiro refrão me
Coisa mais linda que existe... é ter você perto de mim
Considero essa passagem uma pérola: simples, que emociona.
O disco termina com “Deus é Amor” com a batida típica de Jorge Ben, cujo primeiro refrão me
faz recordar passagens recentes na minha vida:
Todo mundo vai embora
Todo mundo vai embora
Pois a chuva não quer parar
Ninguém mais quer ficar
Só eu, sozinho, vou me molhar.
Mas eu tenho fé... que a chuva há de passar
Enfim... com a sua voz afinadíssima e belos arranjos, esse disco marcou de modo definitivo, para mim, o ingresso da Gal entre as maiores cantoras desse país.
Mas eu tenho fé... que a chuva há de passar
Enfim... com a sua voz afinadíssima e belos arranjos, esse disco marcou de modo definitivo, para mim, o ingresso da Gal entre as maiores cantoras desse país.
[Paul]
Esse disco é muito bom mesmo! parabéns pela postagem... [M]
ResponderExcluirE olhe que a voz de Gal ainda estava sendo lapidada.
ResponderExcluirAfonso Dantas