sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Paulo Miklos, Vou ser feliz e já volto


Prosseguindo a série discos solos, entramos no vasto território de integrantes e ex-integrantes dos Titãs, que inclui este aqui do Sr Paulo Roberto de Souza Miklos, a banda Kleiderman (nunca ouvi este, só um vídeo que passava na MTV) e os bem sucedidos solos Arnaldo Antunes e Nando Reis.

É um disco muito bonito, mais pro calmo do que pro rock raivoso. Com violões em todas as músicas.

Começa muito bem, com 'Vai acontecer de novo', guitarras bonitas cheias de espaço, com licks de ritmo espertos do guitarrista Émerson Villani (que acho que já acompanhou os Titãs), que deixariam o Keith orgulhoso, e isso é uma armadilha pro Mateus, que também gostaria muito da música... Ainda tem a voz luxuosa da Paula Lima na resposta.
"A noite é pra se divertir
Vou ser feliz e já volto

Eu não tenho medo que me achem um tolo
Se quem é feliz parece agir como um louco"

'Mamãe disse...papai disse' continua na calma, com uma parte mais rock no meio.
"Gente que nunca faz o que sempre sonha em fazer
É o pior que pode acontecer: acordar
sem ter lembrança
Nada do que foi o sonho

Papai disse meu filho...
Você parece cansado
Mas tem um brilho nos olhos, meu caro

Mamãe disse querido...
Você está mais magro
Mas tem um brilho nos olhos, o danado"

'Todo o tempo' é mais uma belíssima canção, lentinha, com guitarras viajantes e belas. Aqui temos mais um auxílio luxuoso: uma lap steel guitar a cargo do mestre Luiz Carlini.

Aí o disco dá uma animadinha, 'O que você me diz' é mais rapidinha, com mais uma guitarrinha comentando a música e um sax tenor discreto por Ed Côrtes.

'Hoje' mantém a animação, guitarras com mais peso, um drive leve, mas que faz a diferença no peso. Tem até um vídeo! Com aquele visual loiro da capa do cd e do personagem do excelente filme 'O invasor'.

'Por querer' é um pop gostoso, com sax tenor novamente, mais presente, legalzinha, poderia estar em um disco da banda original.

Volta a calma viajante, com 'Lâmina de vidro'. Guitarras bonitas e com timbres bonitos, com o bônus de um solo de baixo pelo Lee Marcucci, outro que eu acho que também acompanhou o Titãs numa época, além do histórico com o Tutti Frutti, antiga banda de apoio da titia Rita Lee.

'Orgia' é uma música sensacional, letra e música, pra mim o ponto alto do disco. Além de tudo tem a voz da Marina Lima, pra deleite do amigo Zeba, se é que ele vai ter paciência de ouvir...
O tema é recorrente, o querer, que inclui entre outras grandes músicas, 'O quereres', 'O que será que será' e 'Come as you are' (acho até que essa conexão merce um post no blog irmão, 1001 Canções).

"Não tenho nome
Eu tenho sede
Alimenta sua fantasia

Eu tenho fome
Eu tenho em mente
Uma grande orgia

Tudo o que eu mais quero
Você não tem
O que você tem
É só do que eu preciso

Tudo o que sempre quis
Eu não sou
Do que você precisa
É só o que eu sou

Não tenho rosto
Nada do que você possa
Se lembrar depois

Só o gosto
Por essas cenas
Que fazem você vibrar"

'Sem amor' é uma co-autoria do Paulo com o Arnaldo Antunes, mais uma belezurinha.

'Sinos entre os anjos' lembra muito o dedilhado da inédita música 'Desbalada', do meu amigo Mateus, será que ele já tinha ouvido? Música linda mesmo, pop romântico caprichado.

'O milagre do ladrão' (Leo Canhoto/Zilo) é uma daquelas músicas que conta uma looooonga história, no estilo 'Faroeste caboclo'. Aqui Paulo optou por um som bem country/blues, só com violão e dobro (by Luiz Carlini), maneiro! O original era sertanejo, que o Paulo descobriu no disco Clássicos sertanejos, de Chitãozinho e Xororó! Informação esta que eu descobri nesse bom artigo aqui:
http://cliquemusic.uol.com.br/materias/ver/paulo-miklos-nem-sempre-se-pode-ser-feliz

O disco foi produzido pelo Dudu Marote, mais conhecido pelas suas produções mais eletrônicas (Skank e Pato Fu).
A banda também conta com o baterista James Muller.

(Dão)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Maquinado - Lucio Maia



Prosseguindo com a série discos solos de músicos de bandas, faremos hoje um agrado ao amigo Baiano (que vem reclamando dessa série propondo mesmo um boicote terrorista às minhas publicações...), que eu sei que gosta do Lúcio Maia, com certeza um dos mais criativos guitarristas da (já não tão) nova geração.
O Mateus não gostou muito...
Sua banda principal é a fodona Nação Zumbi, já resenhada algumas vezes por aqui. Não vou dizer que é a melhor (talvez se o Chico ainda estivesse por aqui...), porque não dá pra esquecer o Rappa, o Planet Hemp (que em breve também terá discos de membros solo por aqui e são vários), o Skank etc. Além disso também participou do disco de estréia do Soulfly (banda solo do Max Cavalera, ex-Sepultura, sob a cobertura de um pseudônimo, Jackson Bandeira, por razões contratuais de gravadoras) e do EP Tribe. Faz parte do grupo Seu Jorge e Almaz (faça esse post, Baiano!) e atualmente, para desgosto de alguns (não meu), toca na banda de apoio da Marisa Monte.Esse disco tem algumas conexões com a banda original, claro, pela sonoridade em algumas músicas (não todas) e participações dos caras da banda em algumas músicas também.
Ao disco então: a sonoridade é bem eletrônica, mesmo sem deixar de lado a guitarra, instrumento principal do Lúcio.
'Arrudeia' começa com barulhinhos e um baixo distorcido muito legal, mas a estrutura da canção lembra uma ciranda, se é que alguém presta atenção nisso... Tem uma voz processada com aquele efeito vocodermeio bizarro.
Na sequência 'Não queira se aproximar', um encontro hoje usual entre a música regional e a música eletrônica, com voz do Buia (??), samba e um sample sem crédito 'sai pra lá, peste'.
'Tranquilo' traz o finado Speedy (ex-Black Alien) na letra e voz, um som mais pesado e acelerado, um heavy rap, maneiro, que começa com uma declaração falada bandeirosa: “Aí, compadre, tá tranquilo, amigo? É, tô tranquilo também, tô aqui, tranquilão, cigarrão de skunk na mão, copão de domec na outra”...
'Alados' traz Siba (ex-Mestre Ambrósio) e, mesmo com uma bateria eletrônica, parece bastante com essa banda, tem mais cara de canção, com aquela típica estrutura circular.
'Sem concerto' é cantada pelo próprio Lúcio, com voz cheia de efeitos, diferente, mais batida e suingada mesmo sendo ainda eletrônica, guitarrinhas bonitas, assovios, cheia de detalhes, sempre ouvidos melhor num headphone, é bom lembrar...qualquer um que fotografar os pesadelos de quem não volta a dormirvai andando, olhando pro céu,estará sempre a um passo de cair"
'Dia do julgamento' é uma instrumental (tem umas falas esparsas em inglês, acho) viajandona, do tipo que a Nação Zumbi inclui nos seus discos, aqui com um scratch do PG e uma guitarra muito maneira do nosso guitar hero!
'O som' também poderia estar num disco da Nação e tem o Jorge Du Peixe na voz e na letra, além de outros da banda.O convidado agora é Rodrigo Brandão, do Mamelo Sound System, no hip hop sombrio 'Eletrocutado', suingada e eletrônica, com uma guitarra palhetadinha e discreta, Lúcio é muito bom mas discreto, toca pra canção.
'Despeça dos argumentos' traz o chato e sempre cansado Felipe S, do chato Monbojó, fica aquela cara de canção arrastada e que demora demais pra terminar...dispensável.
'Vendi a alma' é meio bossa nova com uns barulhos incômodos e temática heavy metal, bizarra e interessante, tendo o convidado Basa (nord lead, o que será essa porra?? e arranjo).
Vendi minha alma ao Diaboposso falar mal dele e da alma tambéme da sombra tirei um retratovou pregar no muro e não mostrar a ninguém”
'Além do bem' vem pra fechar bem o disco, trip hop chapado, com umas vozes etéreas lindas da Verônia Ferriani.
(Dão)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Amor pra recomeçar, Frejat


Mais um da série de discos solos de membros de bandas, no caso aqui uma exceção, pois a carreira solo do vocalista e guitarrista se tornou importante, fazendo com que divida seu tempo entre a banda original e a carreira solo, tendo inclusive se apresentado no último Rock in Rio 2011 (surpreendentemente no Rio!) como artista solo. A abordagem é levemente diferente do Barão, mais baladas e sons um pouco mais frequentemente acústicos, mas ainda naquela área pop rock.Os colegas de banda colaboram ativamente, sendo co-autores em várias faixas, principalmente o tecladista e co-produtor Maurício Barros, que atua junto com o saudoso e finado Tom Capone em quase todas as faixas.
Esse primeiro é pra mim o mais interessante, mas os três que eu tenho tem sempre alguma coisa bem legal.

Começa com uns sons meio eletrônicos, o que dá a falsa impressão de ser uma vibe 'Puro êxtase', o que não é real, apesar do uso desse tipo de sons.
Mas a canção 'Som e fúria' (cujo título vem de Shakespeare) é isso, uma canção, boa e forte, com guitarras legais, vozeirão e um refrão pra levantar a galera.
"E não adianta levar o mundo nas costas
a vida é cheia de som e fúria"

'Quando o amor era medo' é linda, letra confessional e bela, leve com slide bonito, bandolim e mais acústica.
"quando o amor era medo eu achava melhor acordar sozinho
quando o amor era medo a vida era andar por entre espinhos"

'Amor pra recomeçar' chegou a tocar nas rádios que ainda tocam pop rock, tem uma letra muito interessante (que tem partes que tenho impressão de que foram extraídas de um poema do Vinícius de Moraes, mas não deram crédito...), (mais) uma baladona pra platéia cantar junto.
"quando vc fica triste que seja por um dia e não um ano inteiro
e q vc descubra q rir é bom mas q rir de tudo é desespero
desejo que vc tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar"
Belas guitarras e um teminha ganchudo.

'Segredos' teve um video fofinho, de animação meio desenho, mais uma balada bela sobre nossas amadas...
Tem até um solinho de slide bonito além da orquestra dulcíssima com arranjo de Jaques Moerelenbaum.
"e eu vou tratá-la bem
pra que ela não tenha medo
qdo começar a conhecer os meus segredos"

'Eu não sei dizer te amo' é mais uma balada, quase desanima...mas é bonita.

Ainda bem que vem 'Homem não chora', belíssima, cheia de detalhes sonoros, início com guitarrona com phaser (aquele efeito viajante de turbina de avião), alternando com partes de voz e piano e uma letra excelente. Termina com um dos solos mais bonitos do Frejat, muito legal ouvir a vávula fritando no final da música!!
"meu rosto vermelho e molhado
é só dos olhos pra fora
todo mundo sabe
que homem não chora"

A seguinte é bem diferente, um quase samba meio Luiz Melodia, 'Mão-de-obra ilegal', com participação e co-produção do Max de Castro, além do Dé (ex-Barão), Maurício Barros e Peninha.
"eu vi uma mina maneira
andando com um soldado
parecia estrangeira e
eu agora ando armado

o meuirmão morreu
meu primo se perdeu
a minha mãe pariu
e o meu pai sumiu

meu nome é Pimpolho
só conheço o caos
é olho por olho
aqui vencem os maus"

Parceria com Lenine e Arnaldo Antunes! Só pra irritar os amigos que subestimam o Lenine...
'Ela' é balada, claro, mas bem na ambientação 'Lenine', um violão dedilhado com cordas belas, dinâmica com um crescendo no refrão...ouça antes de falar, Baiano...

Um interlúdio carioca ixperto, 'Mais que perfeito', produzida pelo Max, mais suingadinha, com metais a la Tim Maia, guitarrinhas funky, pena que um pouco lentinha demais pro meu gosto.

'Você se parece com todo mundo' (Frejat-Cazuza), que tenho a impressão que já tinha sido gravada pelo Cazuza, é mais uma num clima acústico quase country, com slides e violões, letra amarga.

'No escuro e vendo' (Frejat/ Marisa Monte/ Arnaldo Antunes) é uma lentinha com o mais belo arranjo de cordas do disco por Jaques Moerelenbaum, linda canção, mas completamente diferente do repertório Barão.

'Voltar pra te buscar' é mais uma balada, esta mais rock, com banda (e que banda: Liminha no baixo, o Barão Fernando Magalhães na guitarra, João Barone na bateria e Maurício Barros), além das onipresentes cordas. Acho que o Frejat numa entrevista falou que era difícil resistir às cordas, eu entendo porque eu também sou assim, tenho muitos bancos de samples de cordas e sempre enfio... A música tem uma voz distorcida/processada e um bom solo de guitarra, coisa rara nesse disco.

Pra terminar pra cima, 'Sol de domingo' (Frejat/ Humberto Effe), um rock suingado com a cara do produtor da faixa, o Max de Castro, metais em brasa e mais um solinho de guitarra...

(Dão)