sábado, 26 de fevereiro de 2011

Refazenda - Gilberto Gil (1975)


Hoje acordei com o canto de um passarinho estilhaçando meu sono! O inverno é marcante pela ausência do som da natureza. A neve cai silenciosamente – é linda, mas é silenciosa e branca. O som do passarinho inaugura algo novo: renascimento, refazenda,rouxinol.

Refazenda trilha o caminho da natureza: vasculha o nosso sertão e o nosso mar. É um conjunto musical que procura o simples, a beleza do natural, a necessidade de reconexão do corpo com algo mais, da saudade com o encontro.

O caminho musical-natural acontece amplo:
Em “Ela”: quando ela te faz um navegador, a musa única nas ilhas do amor. É aquela viagem de olhos fechados.
Em “Essa é pra Tocar no Rádio”: quando o desejo da melhor onda sonora se materializa através da música chegando como uma maré alta, invadindo os ouvidos do chofer de táxi, do querido ouvinte do interior e que finalmente chega para vencer o tédio, quando ele pintar.

O arco natural de Gil é móvel, transita entre o campo e a cidade e o Jeca Tatu se transforma em “Jeca Total”, aquele doente curado, representante da gente, defronte da televisão, assistindo Gabriela viver tantas cores dores da emancipação.
Com Gil não dá pra falar de “Refazenda” sem falar em movimento e novidade: "Re-cidade".
Faz parte do arco, os deslocamentos e as descobertas. Faz parte falar da saudade do que ficou, do que a gente já foi e do que a gente se tornou. E aí, o poeta em "Lamento Sertanejo" transforma dor em mel e traduz o intraduzível.

“Eu quase não falo
eu quase não sei de nada
sou como res desgarrada
nessa multidão boiada
caminhando a esmo"

Mas o recolhimento gera frutos, e às vezes; passarinhos! O Rouxinol com sua asa tratada começa a piar um rock diferente, dizendo que era um rock do oriente pra mim.
E voou deixando um cheiro de jasmim…
[ANDRÉA]

ps:O fio do sonho é apenas um cabelo.
Mas se ele pinta na cabeça
é bom deixá-lo crescer.
(& - Eudoro Augusto)

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