Nascida em Niterói e residente em
Sampa desde 2005, Bárbara Eugênia estreou com pé direito ao participar da
trilha sonora do filme “O Cheiro do Ralo” dois anos mais tarde. Desde então ela
tem atuado em diversos projetos solos ou em conjunto com outros músicos, sempre bem acompanhada, exibindo seu
talento tanto como intérprete, quanto como compositora.
Depois do promissor “Jornal da Bad”
em 2010, seu primeiro trabalho solo, Bárbara Eugênia seguiu conquistando
terreno até que obteve como prêmio no “Festival
MPTM (Música Para Todo Mundo)” a gravação de seu segundo álbum: “É o que Temos”,
lançado em 2013.
Com a produção e participação de Edgard
Scandurra (já parceiro dela em outros projetos)[1]
e de Clayton Martin (baterista do Cidadão Instigado), o disco ficou tão bom que faturou o
prêmio Multishow naquele ano. Vamos ao disco então...
Depois de iniciar suavemente com
“Coração”, a segunda canção merece destaque especial por resgatar “Porque
brigamos”, sucesso da Jovem Guarda no início do anos 70 com a Diana
interpretando uma versão de Rossini Pinto para “I am...I sad” de Neil Diamond. A
nova versão ficou tão boa que até mesmo o som do órgão de Astronauta Pinguim (tecladista) consegue nos levar para a atmosfera “brega” (sem nenhuma conotação pejorativa) que fazia parte da
gravação original da Diana. Para completar, o clipe dirigido por André
Gagliardo e disponível no youtube é
simplesmente genial.
https://www.youtube.com/watch?v=Nr5xeHMIGDQ
Tudo se resume, tudo se resume a uma
Uma dúzia, tantas dúvidas, as mesmas velhas dúvidas
E você numa atitude irresponsável me deixou suspenso no ar
Não é do meu feitio, mas vou entregar
Se foram as noites brancas que te deiUma dúzia, tantas dúvidas, as mesmas velhas dúvidas
E você numa atitude irresponsável me deixou suspenso no ar
Não é do meu feitio, mas vou entregar
Por que essa roupa suja pra lavar
Se não tínhamos o menor cabimento
E pensando bem a gente deu o que tinha que dar
Mantendo como pano de fundo uma
crise de relacionamento, “Roupa Suja”, composta e gravada em parceira com
Pélico, mostra toda a sua capacidade de se cercar de bons músicos. O clipe,
lançado recentemente em uma versão mais “acústica”, também merece ser observado
com atenção: https://www.youtube.com/watch?v=pudTZfJllps
Você devia mudar o seu rumo
Você devia achar que merece mais
“O Peso dos seus Erros”, a quarta
canção do álbum, nos leva novamente para o ambiente da Jovem Guarda, mas desta
vez com uma canção de sua autoria. Você devia achar que merece mais
Em “I Wonder”, a parceria desta
vez é com os músicos de Mustache e os Apaches. O banjo de Pedro Pastoriz e o
coro bem arranjado produzem um resultado muito criativo.
A próxima canção, “Sozinha” é uma
adaptação feita por ela mesma de “Me siento solo”, do francês Adanowsky (Adan_Jodorowsky).
Eu, particularmente, não conhecia a original, mas cheguei à conclusão que a versão da Bárbara Eugênia
ficou muito melhor.
A sétima música, “Jusqu'a La
Mort” é, pessoalmente, uma das minhas prediletas. Para falar de amor, desta vez ela
se arrisca a compor em francês e acertou a mão incrivelmente, com uma
sonoridade que me faz pensar em um improvável casamento do rock progressivo (Pink
Floyd na veia) com o tropicalismo. O som de uma das guitarras me remete ao vocal da Gal Costa nos velhos tempos (viagem minha). Como se não bastasse, o clipe
é de uma sensualidade de muito bom gosto: https://www.youtube.com/watch?v=26qBo16Uo0A
Em seguida, ela acelera o ritmo
em um excelente rock com “Ugabuga Feeling”, canção na qual o amor se coloca de
uma forma mais visceral e carnal, sob uma batida bem primitiva. Sensacional.
Eu piso na poça debaixo da chuva
Sai um arco-íris com raios de sol
Eu danço no vento, me perco no tempo
Balanço, sacudo o cabelo e não fico só
Não tenho medo da chuva e não fico só
“Eu Não Tenho Medo Da Chuva e Não
Fico Só”, a próxima, é fruto da sua parceria com Tatá Aeroplano (que no
primeiro disco já tinha rendido bons frutos), contando ainda com a participação
de Chankas, com quem ela gravou o trabalho mais recente: Aurora. Nela o amor
flui leve, sem medo. Sai um arco-íris com raios de sol
Eu danço no vento, me perco no tempo
Balanço, sacudo o cabelo e não fico só
Não tenho medo da chuva e não fico só
Em “You wish, You get it”, retoma
o tom mais animado, alto astral, em uma
feliz composição dela, desta vez em inglês, tal como a canção que encerra o
álbum, “Out to the Sun”, que conta com a participação especial do violoncelo de
Peri Pane, outro parceiro que rende bons trabalhos para ambos, como na “Note”,
que faz parte do disco dele.
Por fim, tendo no amor das mais
diversas formas como fio condutor, ela vagueia pelas canções com sua voz doce e
afinada. Uma ponte unindo Niterói a São Paulo, canções próprias a versões,
letras em português àquelas em inglês ou francês. Quase sempre com clipes muito
bem produzidos (vale uma busca no YouTube na página dela). A sua beleza se traduz em suas canções. A continuar assim, sua carreira vai longe. Por enquanto, é o que
temos, mas para Bárbara, nunca é tarde, nunca é demais.
[1]
Entre outros projetos dela com Scandurra, destaca-se o a homenagem a Serge Gainsbourg
com o Les Provocateurs e a gravação do programa MTV na Brasa, com uma versão matadora
de “Dor e Dor”, do Tom Zé: https://www.youtube.com/watch?v=wbbKbTrl0WU
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