domingo, 28 de novembro de 2010
Só se for a dois
Continuando nosso tenso blog, posto hoje o segundo álbum solo do Cazuza.
Vindo de um extremamente romântico e MPB, aqui Cazuza mostra também a face romântica e lírica, mas deixa entrever uma agressividade que começava a crescer.
Assim começa o disco, com a faixa título, dedicada a vários grupos de um modo poético e contundente, alternando gritos e partes mais calmas. Tem partes lindas:
‘As possibilidades de felicidade
São egoístas, meu amor
Viver a liberdade, amar de verdade
Só se for a dois’.
Em seguida ‘Ritual’, começa só com sua voz, logo acompanhada por um violão e depois entra a banda, excelente por sinal. Essa é a primeira parceria com o antigo amigo Roberto Frejat.
‘Pra que sonhar
A vida é tão desconhecida e mágica’
‘O nosso amor a gente inventa’ é uma das clássicas do disco, faz parte de qualquer boa coletânea de boa música brasileira. Dinâmica, começa leve, ganha um corpo com uma guitarra mais drive e tem até um belo solinho (com tapping!) daqueles assobiáveis e melodiosos.
‘Culpa de estimação’ é das desconhecidas, com gaitinha. Divertida e leve, com um clarinete sinuoso. Mais uma parceria com Frejat. Boa metáfora, a namorada é a culpa...
Aí vem uma das mais belas dele, ‘Solidão que nada’, parceria com o Kid Abelha George Israel e Nilo Romero.
‘Que meu novo nome é
Um estranho que me quer
Viver é bom
Nas curvas da estrada
Solidão, que nada
Viver é bom
Partida e chegada
Solidão, que nada’
Mais uma com um belo solo, cortesia de Rogério Meanda, que também é co-autor de ‘Nosso amor...’, ‘Só se for a dois’, ‘Completamente blue’ e ‘Vai à luta’.
‘Completamente blue’ é um pop rock goxxxtoso, como diria o carioca Agenor, inclusive em sua letra ‘Sou feliz em Ipanema, Encho a cara no Leblon
Tento ver na tua cara linda
O lado bom’.
‘Vai à luta’ é alto astral, começa com uns metais bonitos. Boas frases: ‘Passa toda deslumbrada sem um tostão pra me emprestar’ e lembra um importante fato da fama ‘os fãs de hoje são os linchadores de amanhã’.
‘Quarta-feira’ é um bluesão com sax e letra viajante, psicodélica e religiosa. Estranhíssima.
‘Porque eles sabem que amar é abanar o rabo, e as mulatas sonham com sheiks alemães’...
‘Heavy love’, apesar do nome e de ser parceria com Frejat, é um funk balançado, com uma baixão slap de dar gosto. ‘Acenda as luzes todas, perca a razão’.
‘Lombo mal da Ucrânia’ é mais heavy, mais rápida, mas nada demais, tirando o nome, claro.
E pra terminar, mais um blues, dessa vez delicado, só com voz e violão. Parceria com Oswald de Andrade (?). ‘Balada do Esplanada’, que deve ser um hotal, acredito.
Algumas vezes fazem a disputa de quem seria o melhor, Cazuza ou Renato Russo. Cazuza é mais contemporâneo, mais cotidiano e local. Renato é mais lírico, artesão e universal. Mas não caia na armadilha, fique com os dois.
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Esse é o melhor disco dele, eu acho. Excelente resenha. Qualquer dia escrevo uma.
ResponderExcluirAbraço,
Jorge
Bom disco, mas prefiro o Ideologia. ZEBA.
ResponderExcluirAdorei o ultimo parágrafo.pra que dividir se podemos somar né?
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